Por Heraldo Palmeira
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22 de novembro de 2024

Boletim da Copa 9

Bola Al Rihla (Copa 2022)/Divulgação

Boletim da Copa 9

  • Sylvio Maestrelli

Marrocos surpreendente, Brasil dá sono, o highlander Cristiano Ronaldo

Grupo E Depois da vexatória goleada sofrida diante da Espanha, parecia que os costarriquenhos estavam fadados a mais uma derrota, agora contra os japoneses. Por outro lado, após a surpreendente vitória de virada contra os favoritos alemães, soava que os nipônicos obteriam novo êxito.

Só que “o futebol é uma caixinha de surpresas”, com certeza, confirmando a velha máxima. Retrancada e tentando superar suas limitações técnicas, a Costa Rica anulou o que o Japão mais tem de eficaz: a velocidade de seu contra-ataque. “Cozinhou” a partida o tempo todo, aceitando o maior volume de jogo dos adversários, mas “achou” um gol no segundo tempo e segurou o placar até o final. O magro 1×0 traduziu um jogo de baixíssimo nível técnico, como infelizmente temos visto muitos neste Mundial. A vitória do time costarriquenho embolou o grupo, abrindo chances de classificação para todas as seleções que dele fazem parte.

Na outra partida, o clássico europeu entre Espanha e Alemanha terminou empatado em 1×1, resultado justo pela qualidade do futebol apresentado e pelas alternâncias ocorridas durante o jogo. Os técnicos foram felizes em algumas mexidas, que proporcionaram maior poder ofensivo a suas equipes. Destacamos, além de mais uma ótima exibição do jovem Pedri (Espanha), a atuação dos goleiros – sem suas performances, mais gols teriam acontecido.

As quatro seleções do grupo vão para a última e decisiva rodada com chances de classificação. A mais remota é a da Costa Rica, com elevado saldo negativo de gols, mas mesmo ela pode ainda sonhar. Basta uma improvável vitória contra os alemães, que precisam vencer a qualquer custo. E como as zebras andam passeando pelo Catar, nada está descartado. Classificação Espanha (4 pontos), Japão (3 pontos, saldo 0), Costa Rica (3 pontos, saldo -6), Alemanha (1 ponto).

Grupo F Considerado por muitos especialistas em futebol como “o grupo da morte” desta Copa, parece que o prognóstico foi se concretizando desde o início, com resultados surpreendentes. Na primeira partida desta segunda rodada, a aguerrida e bem arrumada equipe do Marrocos dominou o jogo inteiro e venceu pelo placar de 2×0 uma Bélgica que não é nem sombra do timaço de 2018. Os belgas atuaram tão mal que até mesmo seu excelente e quase infalível goleiro Courtois falhou no primeiro gol.

Esse ótimo resultado, que se soma ao empate com os croatas na estreia, deixa os marroquinos a um empate (contra o já eliminado Canadá) para passar às oitavas de final, repetindo o feito de 1986, no México. Já os belgas necessitarão de uma combinação de resultados para passarem adiante. Mas há pouca esperança: o próprio Eden Hazard deu entrevista já “jogando a toalha”, reconhecendo a baixa performance do time e o fim de um ciclo iniciado em 2014, quando a Bélgica apresentou sua melhor geração da história, mesmo sem conquistar um título sequer. Em Bruxelas e outras cidades belgas ocorreram manifestações e tumultos em função da derrota.

Por sua vez, no jogo seguinte do grupo, a Croácia cumpriu seu papel e não decepcionou, confirmando seu favoritismo e goleando com facilidade o Canadá por 4×1, apesar do susto inicial do gol sofrido quando a partida mal havia começado. É nítido que fazem muita falta algumas peças-chave que se aposentaram da seleção depois da Copa da Rússia e tornavam a equipe mais forte e compacta (Rakitic e Mandzukic principalmente), mas os veteranos remanescentes subiram de produção nesta rodada.

Quanto aos canadenses, ainda que eliminados com duas derrotas, mostraram ao mundo uma geração jovem e promissora que levou o país, 36 anos depois da estreia, a participar de seu segundo Mundial depois de ser a campeã das eliminatórias da CONCACAF. Se o trabalho tiver continuidade, poderá surpreender em 2026, ainda mais jogando em casa.

Com três seleções brigando pau a pau pelas duas vagas para as oitavas, a disputa segue acirrada no grupo. Classificação Croácia (4 pontos, saldo 3), Marrocos (4 pontos, saldo 2), Bélgica (3 pontos), Canadá (0 ponto).

Grupo G: Um jogo sensacional, disputadíssimo, com os dois times buscando o gol a todo momento. Para quem curte futebol, um ótimo espetáculo. O placar de 3×3 foi justo. Sérvia e Camarões brindaram o público com uma exibição repleta de ofensividade. Com direito a um golaço de Abubakar, um dos mais bonitos da copa até aqui. E falhas gritantes nos setores defensivos, especialmente no que diz respeito às linhas de impedimento executadas pelos europeus e a falta de proteção à zaga dos camaronenses.

Camarões surpreendeu muito. Quando entrou em campo, havia uma grande dúvida sobre o comportamento de seus jogadores. Afinal, um desentendimento entre o goleiro Onana (Internazionale de Milão), um dos líderes do time, e os dirigentes, redundou no corte do experiente atleta, por indisciplina. Mas o que se viu com a bola rolando foi um time sempre em busca do ataque. Todavia, o primeiro tempo foi vencido pelos sérvios, de virada, por 2×1.

Logo no começo da etapa final, o terceiro gol dos sérvios foi uma ducha de água fria, parecia ter liquidado o jogo. Mas, com mexidas excelentes na equipe pelo técnico Rigobert Song e o visível cansaço dos europeus, os africanos chegaram ao empate em velozes contra-ataques e por pouco não obtiveram uma virada histórica. A Sérvia, tida como favorita, acabou lucrando com o empate e as duas equipes continuam com possibilidades de avançar para a próxima fase.

No segundo jogo do grupo, o Brasil enfrentou a sempre traiçoeira Suíça, desfalcado dos lesionados Danilo e Neymar. Havia uma grande expectativa de como se comportaria a equipe e quem seriam os escolhidos pelo técnico Tite para substituí-los, já que o sistema tático do time poderia ser alterado significativamente.

Mas o conservadorismo de nosso treinador falou mais alto, iniciando a partida com o limitado Fred e o improvisado central Eder Militão na lateral direita. Como os suíços tinham a clara proposta de jogar pelo empate, o primeiro tempo foi modorrento. Sem gols. Sem emoções. Simplesmente horroroso.

Já na etapa final, Tite fez algumas substituições e as entradas de Antony, Bruno Guimarães e principalmente Rodrygo, tornaram a equipe mais ofensiva, acuando os helvéticos. Até sair o gol, houve bastante pressão dos brasileiros, ainda que muitas vezes desordenada. Depois, com os suíços buscando o empate, tivemos oportunidades em contra-ataques, mas desperdiçamos. O 1×0 ficou de bom tamanho.

Com o resultado, nos tornamos o segundo país classificado para as oitavas (após a França), independentemente do jogo contra Camarões na última rodada. Diante das notícias e precauções do nosso departamento médico, vamos jogar a última partida da fase de grupos com o time reserva. Enfim, boa oportunidade para testar novos jogadores e formações táticas diferentes, poupando alguns atletas já visando as difíceis partidas eliminatórias das fases posteriores.

Quanto à Suíça, um simples empate contra os sérvios a levará para as oitavas de final. Como contam com uma defesa bem sólida, o resultado não parece improvável. Classificação Brasil (6 pontos), Suíça (3 pontos), Camarões (1 ponto, saldo -1), Sérvia (1 ponto, saldo -2).

Grupo H Na abertura desta segunda rodada, Gana e Coréia do Sul fizeram uma partida emocionante e eletrizante, digna de Copa do Mundo. Depois de abrirem dois gols de vantagem no primeiro tempo, os africanos permitiram o empate, desempataram em seguida e tomaram sufoco até o fim do jogo, quando os asiáticos tentaram o empate desesperadamente, mas esbarraram nas ótimas defesas do goleiro ganês Ati Zigi. O placar de 3×2 premiou a eficiência dos jovens de Gana, uma das seleções de mais baixa média de idade da Copa. Como curiosidade, a simultânea substituição, no segundo tempo, dos irmãos André e Jordan Ayew (filhos de um dos maiores craques africanos, Abedi Pelé).

Com o resultado, ambas as seleções ainda têm chances de avançar para as oitavas, embora a tarefa seja vencer seus adversários teoricamente mais poderosos (os sul coreanos enfrentarão os portugueses e os ganeses terão os uruguaios pela frente).

Na outra partida da chave, assistimos ao clássico entre Portugal e Uruguai. Com muitas alternativas de jogadas ensaiadas, os portugueses demonstraram porque estão muito cotados pelos especialistas como sérios candidatos ao título. Venceram por 2×0 com direito a uma atuação de gala de seu meio-campista Bruno Fernandes (autor dos dois gols) e se mantiveram “donos” do jogo mesmo depois de várias substituições no time. Cristiano Ronaldo, sem estrelismo e mesmo diante das já visíveis limitações da idade, contribuiu bastante para o resultado, abrindo espaços na veterana e lenta defesa uruguaia. Foi bonito de ver. Portugal, assim, se classificou antecipadamente para as oitavas, juntando-se à França e ao Brasil.

A Celeste Olímpica mais uma vez não atuou bem, com exceção de Valverde e Bentancour, dois leões na meia-cancha. A defesa mostrou-se vulnerável e seus principais atacantes, muito bem marcados, não brilharam. Além disso, seu técnico mexeu tardiamente na equipe, utilizando De Arrascaeta, Luisito Suárez e Pelistre apenas nos minutos finais. Uma pena! Agora, somente uma vitória contra Gana salvará os uruguaios, pois até o empate os mandará de volta para casa, eliminados da Copa.

Com os portugueses já classificados para as oitavas, as outras três seleções ainda têm chances de avançar e brigam pela segunda vaga. Classificação Portugal (6 pontos), Gana (3 pontos), Coréia do Sul (1 ponto, saldo -1), Uruguai (1 ponto, saldo -2).

*Sylvio Maestrelli, educador e apaixonado por futebol

Acompanhe aqui a nossa série sobre a participação do Brasil em todas as Copas

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