Divulgação/Netflix
11 minutos para um crime
- Heraldo Palmeira
GIRAMUNDO VIU O mundo dos ricos é sacudido pela morte misteriosa de uma adolescente durante uma festa em local requintado. A minissérie Il Processo (O Processo), lançada em 2020 pela Netflix em oito episódios, é apresentada com o título original italiano e nos leva pelos labirintos policiais e judiciais para desvendar o crime.
A trama se passa na bela cidade italiana de Mântua, na Lombardia – para onde Shakespeare “enviou” Romeu em fuga de Verona depois de matar Tebaldo –, e junta uma promotora obstinada filha de respeitável magistrado, um advogado que busca o sucesso a qualquer preço, uma mulher da alta sociedade como principal suspeita, traições, gente disposta a pagar para manter os interesses intocados e métodos sujos para desviar as investigações.
Dois pontos fustigam o telespectador do início ao fim: os 11 minutos cruciais que levam ao desfecho do crime e a pergunta “Quem matou?”. As duas questões se constroem em razão da dificuldade de reconstituição do assassinato e das surpresas trazidas pelas tramas paralelas que vão surgindo. Como se não bastasse, a promotora precisa administrar seus complexos dramas pessoais enquanto cuida do caso, sob risco de contaminar sua atuação e colocar tudo a perder. A situação ganha contornos dramáticos quando ela decide abrir mão do ano sabático planejado como meio de salvar o casamento, para seguir no comando da investigação.
O crime ronda perigosamente uma família de grande influência, cujo patriarca é um homem de grande fortuna, acostumado a não perder nunca e a proteger seu império de qualquer inconveniente. O tom novelesco termina oferecendo um lado interessante, pois traz à tona os dramas familiares – desatenções, distanciamentos, abandonos, dores, afetos mal resolvidas – tão comuns ao cotidiano de todas as camadas sociais.
A minissérie é uma superprodução repleta de locações luxuosíssimas, elenco preciso com ótimas atuações dos protagonistas, figurino impecável que inclui alfaiataria sob medida, efeitos visuais de alto nível – para recriar as cenas do crime – e música-tema de Billie Eilish, a cantora americana que é a queridinha dos descolados de plantão.
Il Processo é cheia de reviravoltas e o final é satisfatório, embora abra duas vertentes: o espectador tem todos os elementos para esclarecer a história ou conta com a possibilidade de uma agora (passados quatro anos) pouco provável segunda temporada. Pelo visto, a classificação original de minissérie deve prevalecer. Mesmo assim, é entretenimento garantido e justifica maratonar.
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