Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

1938 Brasil nas Copas

Bola Allen (Copa 1938)/Divulgação

1938 Brasil nas Copas

  • Sylvio Maestrelli

A Copa do Mundo de 1938 foi realizada na França. Vencedor: Itália.

Com o resultado da partida final Itália 4×2 Hungria os italianos se sagraram bicampeões mundiais da Copa que registrou a primeira participação de um país asiático no torneio da FIFA, a Indonésia.

Por ter sido realizada novamente na Europa (quebrando-se um acordo com os países sul-americanos), Argentina e Uruguai se recusam a participar da Copa de 1938. Assim como a Inglaterra e os demais países do Reino Unido, que continuavam ausentes, pois consideravam seu torneio de nações “mais técnico e mais importante do que uma Copa do Mundo da FIFA”. A grande favorita ao título era a Itália, que vencera a Copa de 34 e ganhara a medalha de ouro do futebol nas Olimpíadas de 1936, na Alemanha.

Pela primeira vez em sua história nas Copas, o Brasil enviou força máxima. Todos os grandes craques da época, comandados por Ademar Pimenta, se fizeram presentes. Internamente, o futebol se pacificara.

Fizemos, então, uma excelente campanha, enfrentando e derrotando grandes forças europeias até a semifinal. Superamos os poloneses na prorrogação (4×4 no tempo normal e 6×5 no tempo extra) e os checos (vices em 1934), empatando o primeiro jogo em 1×1 e com a equipe considerada reserva – muitos jogadores se contundiram na batalha anterior – vencemos por 2×1 o segundo.

Leônidas da Silva, já tratado como Diamante Negro tal a excelência do seu futebol, foi o artilheiro do Mundial, com sete gols. E protagonizou uma grande curiosidade no jogo de estreia, contra a Polônia – ganhamos de 6×5, três gols dele.

Choveu demais durante a partida e sua chuteira terminou rasgando na parte dianteira, ficando com aquela conhecida “boca de jacaré”. Diante da dificuldade de encontrar outra com seu número (36), o craque não titubeou: ficou com o pé descalço e assim marcou nosso último gol no jogo – que deveria ser anulado, como manda a regra.

Leônidas, que virou lenda jogando por Flamengo e São Paulo, famoso por ser um grande executor da jogada “bicicleta” – ele mesmo dizia que não foi seu inventor e reza a lenda que teria visto Petronilho de Brito fazer a jogada e apenas aperfeiçoou-a –, ganhou dois contos de réis, mais participação nas vendas por tempo determinado, para ceder o direito de a Lacta batizar seu chocolate mais famoso como “Diamante Negro”.

Na Copa de 1938 só perdemos na semifinal, em jogo equilibrado contra a favorita e posteriormente bicampeã Itália, partida onde não pudemos contar com o artilheiro da copa, Leônidas da Silva, nosso maior craque da época, que se lesionara. Mas batemos os suecos na disputa do terceiro lugar e voltamos para casa satisfeitos. Era um grande feito. Na final, os italianos venceram os húngaros por 4×2, conquistando o bicampeonato.

FORAM PARA A COPA

Goleiros – Batatais (Fluminense), Walter (Flamengo)

Defensores – Domingos da Guia (Flamengo), Jaú (Vasco), Nariz (Botafogo), Machado (Fluminense)

Médios – Zezé Procopio (Botafogo), Martim Silveira (Botafogo), Brandão (Corinthians), Brito (América), Afonsinho (São Cristóvão) e Argemiro (Portuguesa Santista)

Atacantes – Lopes (Corinthians), Roberto (São Cristóvão), Romeu (Fluminense), Luisinho (Palestra Itália), Leônidas da Silva (Flamengo), Niginho (Vasco), Perácio (Botafogo), Patesko (Botafogo), Tim (Fluminense) e Hercules (Fluminense).

Mesmo com a brilhante campanha, alguns cronistas esportivos e torcedores questionaram o técnico brasileiro por ter levado para a copa o atacante Niginho, reserva de Leônidas. Isso porque ele não pode entrar no time quando nosso craque maior se contundiu, por problemas de documentação (havia jogado na Lazio e voltara ao Brasil sem rescindir legalmente seu contrato). Pediam em seu lugar Waldemar de Brito (craque do Flamengo), Carvalho Leite (artilheiro do Botafogo) ou Teleco (goleador do Corinthians). Outro que desejavam ver no time, o grande Fausto (Flamengo), que voltara da Espanha – sua permanência foi inviabilizada por ataques racistas dos companheiros do Barcelona –, e estava lesionado.

*SYLVIO MAESTRELLI, educador e apaixonado por futebol

Acompanhe aqui nossa série sobre a participação do Brasil em todas as Copas

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Fontes

Gazeta Esportiva, Placar, Imortais do Futebol, Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, Todas as Copas do Mundo (Orlando Duarte), Futebol Coruja, Futebol Clássico, FIFA, CONMEBOL, CBF, Lance, OGOL.COM.BR, Trivela, Jornal dos Sports e outros

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