Por Heraldo Palmeira
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7 de novembro de 2024

1950 Brasil nas Copas

Bola Duplo T (Copa 1950)/Divulgação

1950 Brasil nas Copas

  • Sylvio Maestrelli

A Copa do Mundo de 1950 foi realizada no Brasil. Vencedor: Uruguai.

Ao destruir o sonho brasileiro na final Uruguai 2×1 Brasil (de virada), a Celeste Olímpica tornou-se bicampeã mundial e colocou os uruguaios na galeria de potências mundiais do futebol daqueles tempos.

Depois de um hiato de 12 anos – as Copas de 1942 e 1946 foram canceladas em razão da Segunda Guerra Mundial –, a Copa do Mundo voltara a ser realizada. Escolhido como país sede, o Brasil reagiu à altura construindo o Maracanã, que tornou-se o maior estádio da época e um dos mais reverenciados da história do futebol.

Ausências eram sentidas: a Alemanha, como punição pela guerra, estava proibida de participar. A Argentina, ressentida por não ter sido escolhida como sede e pelo fato de seus principais jogadores terem abandonado o país para atuarem numa Liga Pirata da Colômbia, não reconhecida pela FIFA, declinou do convite para participar. Outras seleções europeias (França, Portugal, Hungria etc.) também não puderam vir, seja pelos altos custos e poucas chances de vitória, seja por estarem devastadas pelo conflito militar. Mas, em compensação, teríamos a estreia da Inglaterra, potência que “inventara” o futebol e decepcionaria no certame, eliminada na fase de grupos por uma seleção amadora dos EUA, na maior zebra da história dos Mundiais!

O Brasil era um dos grandes favoritos. Depois de uma primeira fase um pouco irregular, a equipe embalou e foi para as finais (um quadrangular entre os campeões dos quatro grupos), onde goleou Espanha e Suécia e chegou à decisão, precisando de um simples empate contra os uruguaios. Aí, veio a tragédia do Maracanazzo: Uruguai venceu por 2×1, de virada, e fomos vices depois do gol algoz de Alcides Ghiggia. Antes do jogo houve até discurso político enaltecendo nossa “vitória” e, segundos os testemunhos da época, ao fim da partida caiu sobre o Rio de Janeiro, e o país por dor replicada pelo rádio, o maior silêncio coletivo de que se tem notícia em nossas terras.

Uma geração inteira de craques ficou estigmatizada e muitos deles nunca mais jogaram pela seleção. O goleiro Barbosa e o lateral Bigode, considerados culpados pelo gol da vitória da Celeste Olímpica carregaram a cruz dessa derrota até o final de suas vidas. Foi também a última vez em que disputamos uma Copa com camisas brancas, abandonadas a partir dali pela superstição.

Explicações não faltaram para a derrota: clima de “já ganhou” antes do jogo, menosprezo ao adversário, “tremedeira”… O fato é que o Uruguai – que nos havia enfrentado pouco tempo antes da Copa, pela Taça Rio Branco (vencida pelos brasileiros após jogos duríssimos, todos no Brasil, com resultados de 3×4, 3×2 e 1×0) – tinha ótimo time comandado pelo grande goleiro Maspoli, pelo “caudilho” meio-campista Obdulio Varela e pelo craque Schiaffino. Venceu o torneio com justiça, levando a Jules Rimet pela segunda vez para Montevidéu.

Enquanto isso, jornalistas e torcedores (de São Paulo, principalmente) se queixavam da ausência de vários craques paulistas, deixados de fora pela convocação do prepotente e centralizador técnico Flavio Costa, que usou como base o time que dirigia, o melhor do país à época, o poderoso Vasco da Gama.

A partir de 1950, a CBD (atual CBF) passou a elabor uma pré-lista de jogadores para serem convocados para a Copa do Mundo.

FORAM PARA A COPA

Goleiros – Barbosa (Vasco) e Castilho (Fluminense)

Defensores – Augusto (Vasco), Juvenal (Flamengo), Nena (Internacional) e Nilton Santos (Botafogo)

Linha média – Danilo Alvim (Vasco)), Bauer (São Paulo), Bigode (Flamengo), Ely (Vasco), Noronha (São Paulo), Ruy (São Paulo) e Alfredo (Vasco)

Atacantes – Maneca (Vasco), Zizinho (Bangu), Ademir (Vasco), Jair (Palmeiras), Chico (Vasco)), Friaça (São Paulo), Adãozinho (Internacional), Baltazar (Corinthians) e Rodrigues (Fluminense)

PRÉ CONVOCADOS, mas ficaram de fora da lista final:

Goleiros – Oberdan Cattani (Palmeiras), Sergio Moacir (Grêmio)

Defensores – Clarel (Grêmio), Savério (São Paulo), Píndaro (Fluminense – pediu dispensa por não concordar com seu pouco aproveitamento), Brandãozinho (Portuguesa)

Atacantes – Tesourinha (Vasco – cortado por contusão), Geada (Grêmio), Gringo (Flamengo), Ipojucã (Vasco), Lima (Palmeiras), Orlando Pingo de Ouro (Fluminense), Pinga (Portuguesa), Simão (Portuguesa) e Teixeirinha (São Paulo)

Não foram sequer lembrados, mas eram pedidos por torcedores: Mauro Ramos (São Paulo), considerado muito jovem, Cláudio (Corinthians), Leônidas da Silva (São Paulo), o Diamante Negro, tido como veterano aos 36 anos, e Heleno de Freitas (Vasco), vetado por indisciplina.

*SYLVIO MAESTRELLI, educador e apaixonado por futebol

Acompanhe aqui nossa série sobre a participação do Brasil em todas as Copas

https://giramundo.blog.br/category/esportes/

Fontes

Gazeta Esportiva, Placar, Imortais do Futebol, Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, Todas as Copas do Mundo (Orlando Duarte), Futebol Coruja, Futebol Clássico, FIFA, CONMEBOL, CBF, Lance, OGOL.COM.BR, Trivela, Jornal dos Sports e outros

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