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- Heraldo Palmeira
A covid-19 passou dois anos protagonizando o noticiário mundial. Pelo visto, causou uma espécie de cansaço coletivo, embora isso possa ter consequências negativas como ajudar na continuidade da doença entre nós.
Há uma quarta onda da pandemia e no Brasil ela ocorre rodeada por uma série de fatores preocupantes: redução no movimento de vacinação, suspensão da emergência sanitária, subnotificação de casos – seis dos 27 estados não vêm publicando dados –, aumento e descontrole da disseminação das novas variantes e, na ponta do esforço coletivo, quase completo abandono de providências básicas de mitigação. No horizonte, a chegada do inverno poderá piorar o quadro.
Alguns pesquisadores temem que uma espécie de bomba-relógio possa estar em montagem. Parece ser voz geral que não teremos aquele quadro de terror com centenas de milhares de mortos ou internações longas. Mas é inegável que os últimos picos da doença causaram prejuízos ao sistema econômico em razão da impossibilidade de os doentes, mesmo com sintomas leves, seguirem com suas atividades.
Se não voltamos àquele quadro de números alarmantes divulgados diariamente, eles permanecem incômodos e voltaram a crescer. Enfim, aprendemos muito a respeito da covid-19, estamos convivendo melhor com sua presença, mas não é recomendável que a quarta onda seja tratada com tanta irrelevância. Afinal, se enfrentar a doença tornou-se mais simples e suportável, suas sequelas seguem num labirinto de mistérios que desafiam os médicos e demais especialistas em saúde dedicados ao seu combate.