Bola Al Rihla (Copa 2022)/Divulgação
Boletim da Copa 8
- Sylvio Maestrelli
Anfitrião eliminado, França nas oitavas, Messi decisivo
Grupo A A rodada começou como era previsível. A fraquíssima seleção catari, derrotada por Senegal por 3×1, despediu-se da Copa. Com um público bem aquém da expectativa, mostrou que mesmo as naturalizações de alguns jogadores não foram suficientes para permitir uma campanha positiva para o dono da casa. O Catar teve disposição, lutou, foi prejudicado pela arbitragem (que não marcou um pênalti claro a seu favor quando o jogo ainda estava empatado em 0x0), mas ficou evidente sua fragilidade, em especial no setor defensivo.
Já a seleção africana sente muito a falta de seu principal jogador e articulador, Sadio Mané. A liderança do goleiro Mendy e do zagueiro Koulibaly (ambos jogadores do poderoso Chelsea, da Inglaterra) não tem se mostrado tão eficaz quanto seria a do craque eleito o jogador africano do ano, fora desta Copa por contusão.
No segundo jogo, uma Holanda apática e sem poder ofensivo quase foi surpreendida pelos equatorianos, que jogaram melhor e apenas pela falta de pontaria de seus atacantes não venceram. O 1×1 acabou sendo o resultado justo para uma peleja com poucas emoções e raras oportunidades de gol. A imprensa holandesa “caiu de pau” na outrora Laranja Mecânica, criticando sobretudo a falta de objetividade da equipe. Cobrou do técnico Van Gaal uma classificação obrigatória contra o Catar com vitória por ampla vantagem, já que o time vem decepcionando bastante, atuando bem abaixo do que se esperava.
Por sua vez, o Equador, sem encantar, arrancou um ponto precioso, que o colocou em condições de jogar por um simples empate na terceira rodada contra os senegaleses, para passar de fase. De se lamentar a contusão do artilheiro Enner Valencia (maior goleador da Copa até agora – 3 gols), um dos destaques do time, que é dúvida para a partida decisiva. Classificação Holanda e Equador (4 pontos, saldo 2), Senegal (3 pontos), Catar (0 ponto).
Grupo B Depois de ter sido goleado com facilidade pelos ingleses na estreia, o Irã necessitava desesperadamente de uma vitória contra o País de Gales para manter vivo o sonho de continuar na Copa. E não deu outra: jogando com muita raça, às vezes de forma até muito viril, os iranianos afundaram os galeses por 2×0.
O jogo foi ruim, sem muitas chances de gol, mas o time asiático buscou pressionar o adversário e enfrentou grande dificuldade em furar uma defesa bastante compacta. Entretanto, quase no final da partida, o goleiro galês Hennesey levou com justiça o cartão vermelho – a primeira expulsão desta Copa – e seu time passou a jogar mais retrancado ainda, com um jogador a menos. Os iranianos se aproveitaram disso, aumentaram a pressão e obtiveram, já nos minutos de acréscimo, os dois gols que decretaram o placar final. Com o resultado, o País de Gales está praticamente eliminado (terá que derrotar os ingleses por larga margem de gols na última rodada do grupo) e o Irã se credencia a uma vaga na fase seguinte, se ao menos empatar com os EUA.
E por falar em norte-americanos, ao contrário do que se viu na estreia (quando estavam esgotados no segundo tempo), contra a Inglaterra correram e lutaram demais o tempo todo, chegando em vários momentos a dominar a partida, só não derrotando os britânicos pela falta de pontaria de seus atacantes. Daí o empate em 0x0, que não se configurou um resultado ruim para os EUA – agora dependem só de si mesmos para passarem da fase de grupos para as oitavas de final. Basta vencer os iranianos na próxima e decisiva rodada.
Os ingleses decepcionaram bastante. Após uma avassaladora estreia, esperava-se mais do English Team. Afinal, segundo alguns sites que avaliam jogadores, o elenco inglês é o mais caro da Copa e um dos mais badalados! As críticas vieram de todo lado: nas redes sociais, torcedores perguntaram ao contestado treinador Southgate o porquê de o melhor jogador inglês da atualidade (o meia Phil Foden, do Manchester City) permanecer no banco; antigos craques, hoje comentaristas, Owen, Shearer e Scholes questionaram o porquê de não estar sendo usado o sistema 3-4-3, que fez tanto sucesso na Eurocopa e nas Eliminatórias; a imprensa (Daily Mail) estampou em sua manchete “Leões Banguelas”, ironizando a falta de apetite e de disposição dos jogadores na partida. E por aí vai…
Apesar da apatia demonstrada no jogo, os ingleses estão com “a faca e o queijo na mão” para seguirem às oitavas. Até uma derrota na última rodada contra o País de Gales, por poucos gols de diferença, os classifica. Mas pela grande rivalidade entre os vizinhos, espera-se um jogo bem pegado. Classificação Inglaterra (4 pontos), Irã (3 pontos), EUA (2 pontos), País de Gales (1 ponto).
Grupo C A segunda rodada foi aberta em grande estilo. Em um jogaço, repleto de alternativas, com muitas chances de gol para ambas as equipes, a Polônia derrotou a Arábia Saudita por 2×0. A partida foi emocionante, com direito a duas bolas nas traves árabes e um pênalti defendido pelo ótimo goleiro polonês Szczesny. Chamou também a atenção a excelente arbitragem do juiz brasileiro Wilton Sampaio, que coibiu a violência, aplicando muitos cartões – justíssimos – para os dois lados.
Com esse resultado, o grupo ficou bastante embolado e os dois times mantiveram possibilidades de classificação para as oitavas. Os poloneses se recuperaram da estreia sem brilho (empate contra o México) e os sauditas confirmaram que sua equipe tem potencial para surpreender também os mexicanos na próxima rodada. As vagas estão em aberto.
No jogo seguinte, que gerava bastante expectativa pela possibilidade de uma eliminação precoce dos argentinos, “los hermanos” atuaram muito melhor que na estreia e, com raça e a genialidade de Messi, que anotou um belo gol e teve participação decisiva na peleja, derrotaram os mexicanos pelo placar de 2×0, construído no segundo tempo. Ressaltem-se as precisas substituições realizadas pelo técnico Scaloni, que deram maior poder de fogo ao time.
Com essa vitória, além de se recuperarem da “tragédia” contra os sauditas, nossos vizinhos se candidataram, em caso de vitória contra os poloneses na próxima rodada, a terminar até como líderes da chave. E enfrentarem, nas oitavas, o segundo colocado do Grupo D. Classificação Polônia (4 pontos), Argentina (3 pontos, saldo 1), Arábia Saudita (3 pontos, saldo -1), México (1 ponto).
Grupo D Tunísia atacando, Austrália retrancada, se defendendo bravamente. Como dizia o grande Pepe (ponta esquerda histórico do Santos), “com dez atrás e o centroavante bastante recuado”. Cruzamentos e mais cruzamentos para a área, sem sucesso. De repente, um contra-ataque e gol de cabeça australiano. 1×0 e mais retranca, placar mantido até o fim, também pela incompetência dos atacantes africanos. Uma partida bem disputada, mas fraquíssima tecnicamente, que abriu a segunda rodada do grupo.
Com o resultado, diminuiu bastante a possibilidade de classificação dos tunisianos, que vinham de um surpreendente empate com os dinamarqueses. Precisam agora de uma combinação muito improvável de resultados, além da obrigação de vencer a França. Já para os australianos significou a chance concreta de, na última rodada, obter a passagem para as oitavas, desde que pelo menos empatem com os nórdicos.
No outro jogo da chave, um dos melhores do Mundial até agora, a França obteve uma expressiva vitória contra a Dinamarca por 2×1, com grande atuação de Griezman e o oportunismo de Mbappé. A partida foi bastante equilibrada, especialmente nas disputas pelo predomínio no meio-campo. Surgiram boas oportunidades de gols para as duas equipes. Os “bleus” foram mais felizes e superaram a ótima atuação do experiente goleiro Schmeichel.
Assim, a França foi a primeira seleção a se garantir antecipadamente na fase de oitavas de final, confirmando seu amplo favoritismo neste grupo. E provavelmente em primeiro lugar, já que enfrentará a fraca Tunísia (que tem remotas chances de classificação) na última rodada. Saliente-se as ótimas atuações de alguns jogadores como Tchoumeni e Rabiot, que vem substituindo à altura os desfalques Kanté e Pogba, titulares absolutos que ficaram fora da Copa por contusões.
Já para os dinamarqueses, na próxima rodada é “vencer ou morrer”, ou seja, só a vitória contra os australianos interessa, pois lhes garantirá o passaporte para a fase subsequente. Qualquer outro resultado e voltarão para casa, eliminados. Classificação França (6 pontos), Austrália (3 pontos), Dinamarca e Tunísia (1 ponto, saldo -1).
*Sylvio Maestrelli, educador e apaixonado por futebol
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