Por Heraldo Palmeira
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8 de novembro de 2024

A Semana 40

Pasja1000/Pixabay

A Semana 40

(Resumo de Mercado – 30 de janeiro a 3 de fevereiro e perspectivas para a semana em curso)

Ibovespa: -1,47% | 108.523,47

Nos EUA, o Federal Reserve eleva a taxa de juros em 0,25 p.p e o mercado de trabalho continua aquecido. Na Europa, inflação vem abaixo do esperado e PIB se expande acima das estimativas. Na China, setores da economia mostram sinais mistos.

No Brasil, Copom mantem a Selic em 13,75% em meio a críticas do governo sobre o regime de metas de inflação e patamar atual do juro. Além disso, setor público apresenta primeiro superávit anual desde 2013, CAGED tem contração acima do consenso e indústria fecha o ano com resultado fraco.

Na quarta-feira, o FOMC, o comitê de política monetária americano, elevou a taxa de juro básica (Fed Funds Rate) em 0,25 p.p, e levou a taxa de referência ao intervalo de 4,5% e 4,75%. O comunicado não sugeriu indicação de fim do ciclo de ajuste monetário, mas o presidente Jerome Powell pontuou que os efeitos da política ainda não tiveram pleno resultado na economia, e reconheceu a desinflação em curso. Como o mercado de trabalho segue apertado (ver abaixo), é provável que os riscos inflacionários continuem presentes, demandando vigilância do Fed.

No último mês, a taxa de desemprego nos EUA caiu de 3,5% para 3,4%, e o número de vagas criadas expandiu para 517 mil, acima da média de 401 mil em 2022 (já historicamente elevada) e do consenso de mercado (188 mil). Com isso, o mercado de trabalho americano segue bastante aquecido, apesar da elevação no custo de crédito. Apesar de alguns sinais de desaceleração – como as demissões no setor de tecnologia – e a defasagem dos efeitos da política monetária, o número pressiona o Federal Reserve a uma nova rodada de alta na próxima reunião.

Em sua última decisão de política monetária, o BCE subiu as três principais taxas de juros da Europa em 0,50 p.p, como esperado, levando a taxa de refinanciamento para 3,0%, e sinalizou alta de mesma magnitude na próxima reunião, em março. Justificou a alta pela persistência da inflação acima do centro da meta.

O BCE tem mantido uma comunicação mais dura do que o Fed nas últimas semanas, o que levou o euro a se valorizar frente ao dólar.

Em janeiro, a prévia da inflação na Europa registrou queda de 0,4%, mesmo número de dezembro, ante projeção do mercado de -0,3%. Além disso, desacelerou para 8,5% na base anual, após 8,2% no mês anterior e previsão de 9,0%. Por outro lado, o número de janeiro não considerou a economia alemã, portanto representa um dado incompleto para o Banco Central Europeu, que decidiu por nova alta no juro na quinta-feira.

Em janeiro, a atividade manufatureira na China encolheu, com o índice de gerentes de compra (PMI) tendo expandido para 49,2, abaixo da estimativa de 49,5; ainda em nível contracionista (todo valor abaixo de 50). Ainda assim, mostrou expansão em relação ao nível de dezembro, que era 49,0, com a flexibilização das restrições à mobilidade no país. Por outro lado, o PMI do setor de serviços mostrou expansão em janeiro. Apesar de alguma apreensão quanto aos casos de infecção por Covid-19, as projeções indicam alta no PIB chinês para 2023, com efeitos positivos para o Brasil e a atividade econômica global.

No Brasil, como esperado, a taxa Selic foi mantida em 13,75% na última reunião de Copom, e o comunicado veio mais duro. Nele, o Banco Central elevou sua projeção de inflação para 5,6% e 3,4% para 2023 e 2024, respectivamente, no seu cenário base. Além disso, deu destaque para as incertezas fiscais e expectativas em deterioração – em particular para horizontes mais longos, como 2025 e 2026 – por isso, o custo da desinflação (alta menos intensa de preços) à meta pode ser mais custoso, cujo efeito é o juro em alta por mais tempo ou elevação da Selic. Isso corrobora nossa visão de Selic estável em 13,75% em 2023, com quedas apenas em 2024.

Em entrevista, o presidente Lula afirmou que “não há razão” para a taxa básica de juro, a Selic, estar em 13,75%, e afirmou que as políticas fiscais e parafiscais devem ser usadas para fomentar o investimento, reduzir a pobreza e ajudar países pobres.

Os preços dos ativos brasileiros reagiram. A taxa de câmbio, que chegou a ficar abaixo 5 reais por dólar, fechou a semana em 5,13. E os juros futuros subiram, refletindo o risco de aumento da inflação adiante.

O setor público consolidado fechou 2022 com superávit de R$ 126 bi, o primeiro saldo positivo desde 2013, apesar do déficit de R$ 11,8 bi em dezembro. Em relação a esse último, a desaceleração da atividade econômica e desoneração do ICMS levaram ao resultado negativo. Para 2023, esse comportamento deve se manter, tendo em vista a expansão de gastos e arrecadação mais fraca.

Os números do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de dezembro registrou destruição líquida de 431 mil empregos formais, bem acima da nossa projeção de -320 mil, o dobro do saldo criado entre janeiro e setembro, que foi de 200 mil. O esfriamento nas contratações é generalizado entre os setores, e o total de demissões aumentou pelo segundo mês consecutivo. Para os próximos meses, essa tendência deve se manter, e nossa projeção de PIB para 2023 é 1,0%.

Em dezembro, o volume produzido pela indústria brasileira se manteve estável (0% m/m e -1,3% a/a), e fechou o ano com contração de 0,7% em relação à 2021. Entre os setores, o número veio melhor que o esperado, com três (entre 4) categorias econômicas avançando em relação a novembro. No setor de bens de consumo duráveis, por exemplo, a alta de 4,1% m/m não foi suficiente para compensar a contração acumulada entre setembro e novembro. Com a queda da inflação e maiores volumes de transferências de renda do governo, o setor de não duráveis deve ter alguma sustentação em 2023, mas ainda em clara queda.

Para a semana em curso, nos EUA, há a expectativa do pronunciamento de alguns diretores do Federal Reserve, bem como o de Jerome Powell. Na Europa, os dados defasados de inflação na Alemanha e atividade na Zona do Euro terão atenção do mercado. A China divulgará os dados de inflação em janeiro.

No Brasil, os destaques ficam no IPCA de janeiro e os dados referentes à atividade no comércio e em serviços, mensurados pela PMC e PMS, respectivamente. Além disso, será publicada a ata da última reunião do Copom.

Na agenda política, após as reeleições de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira como presidentes do Senado e da Câmara, respectivamente, os debates acerca da reforma tributária a ser enviada pelo governo devem começar.

Fonte

Valore-Elbrus Investimentos | Modal Mais Investimentos | Grupo Credit Suisse (06.02.2023)

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