Por Heraldo Palmeira
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24 de novembro de 2024

KALUNGA MELLO NEVES Amor

Stefan Schweihofer/Pixabay

Amor

  • Kalunga Mello Neves

Sempre gostei de falar de amor. Na poesia, principalmente, no dia a dia, como atitude. Mas conheci o amor quando ele ainda olhava para o céu, e nos fazia olhar juntos para as estrelas e, mais ainda, além delas, onde os sonhos se escondiam atrás das roseiras de Marte – sim, eles chegavam até lá!

O amor de então era quase fatal. Exigia uma fidelidade sabor de pecado. Vinícius escrevia de forma rimada sobre ele. Que fosse infinito enquanto durasse. Que fosse inesquecível, se temporário, digo eu, agora. O amor, este enfant terrible sutilmente ingênuo, este inescrupuloso e cético galanteador.

As canções românticas sempre foram o fio condutor das paixões adolescentes, facilmente confundidas por arroubos de amor. E uma geração que teve Beatles, Roberto Carlos no auge, Julio Iglesias, el cantante latin lover, além do sempre king Elvis Presley, não pode se queixar da falta de matéria-prima neste aspecto.

Sem falar nas reuniões dançantes, onde a proximidade, pra mais de aconchegante dos corpos, nos permitia segredar no ouvido da garota amada nossos primeiros “eu te amo!” ditos quase inaudíveis para não provocar reações inesperadas, sendo a mais esperada delas o primeiro beijo.

O amor também viu o tempo passar, e vê-se desfigurado com as inevitáveis mudanças causadas pelas relações atuais, mesmo sendo imortal. Sofre o amor com preconceitos, com a banalidade que toma conta de tudo, com a radicalização entre o terno e sensível, e o ríspido e bárbaro.

Mas o amor sobrevive, assim como o abraço e o sorriso sobrevivem. O amor ainda insiste em se embalar e nos embala com suas canções de ninar gente grande.

O amor é lindo!

Como bem dizia aquela toada chatinha que nos encantará sempre.

*KALUNGA MELLO NEVES, escritor e brincante

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