Por Heraldo Palmeira
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7 de novembro de 2024

Viva São João

Eduardops93/Pixabay

Viva São João

  • Heraldo Palmeira

O dia 24 de junho é dedicado a São João, um dos santos mais populares dos cristãos católicos. Com enorme devoção em Portugal, aqui no Brasil também conquistou o arraial e sua festa é o centro das festas juninas, começando na noite do dia 23, véspera do seu dia.

A imagem tradicional mostra o santo com um carneirinho no braço. Sua fogueira é montada em formato de círculo.

A festividade tomou grandes proporções no Nordeste, onde a paraibana Campina Grande gaba-se de realizar “o maior São João do mundo”. Mas é preciso respeitar o arraial de Caruaru, Pernambuco, São Luís, Maranhão, Mossoró, Rio Grande do Norte e Teresina, Piauí. Na verdade, o folguedo da sanfona, zabumba e triângulo já olha de perto o Carnaval como grande festa popular brasileira.

A festa joanina como era conhecida num Portugal mais antigo fazia referência a João. Quando foi trazida pelos colonizadores para o Brasil, terminou virando festa junina, em razão do mês de sua celebração. Talvez por ser o principal santo das comemorações de junho dada a sua importância na Igreja, a festividade do mês terminou ficando conhecida como Festa de São João. Por isso, não é raro ver as pessoas combinando como será “o São João”, quando tratam do período junino completo, que inclui as festas de Santo Antônio (dia 13) e São Pedro (dia 29). Pode ter colaborado para essa isso o fato de ser considerado um santo festeiro. Muitos o conhecem como São João do carneirinho.

Na verdade, a festa de São João celebra a natividade de São João Batista, que nasceu no dia 24 de junho. É aquele que batizou Jesus no rio Jordão, o último dos grandes profetas, o que encerra a espera pelo Messias ao anunciar a vinda do Cristo, filho de Deus, salvador da humanidade. Por ter imensa excelência na Igreja, é uma das três únicas figuras cujo nascimento é comemorado de forma litúrgica – as outras são Jesus e Maria. Os outros santos são associados aos dias de suas mortes no calendário litúrgico.

As fogueiras têm origem no num compromisso de Santa Isabel para avisar Maria quando ocorresse o nascimento do filho que esperava. Logo que deu à luz João Batista, acendeu uma enorme fogueira e ergueu um mastro de grande altura, em cujo topo colocou uma boneca. Assim, a futura mãe de Jesus teve o aviso e foi visitar sua parente para festejar o milagre de ter concebido um filho na velhice.

São João Batista era primo de Jesus e tornou-se amigo próximo Dele, de quem mereceu uma extraordinária reverência: “Eu vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há um ser humano maior do que João” (Lucas 7:28).

O culto de Adônis (também celebrado pela cultura europeia antiga em 24 de junho) legou vários símbolos para a Festa de São João. A fogueira é um deles e ganhou fundamento no sinal de Santa Isabel para a Virgem Maria.

A noite do dia 23 registra o velho costume de acender fogueiras e foi ganhando o reforço de diversas tradições populares de culturas pagãs – o forrobodó africano é uma delas e pode estar na base do famoso forró nordestino.

Ao redor do fogo, diversas simpatias e superstições ganham delicioso relevo na cultura popular. “Batismos” que estabelecem laços de padrinhos e afilhados no ato de saltar as brasas. O passeio descalço sobre as brasas com uma faca virgem, que deverá ser cravada numa bananeira para, no dia seguinte ser retirada para que os desenhos feitos pela nódoa da seiva mostrem as iniciais da pessoa com quem se casará.

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