Divulgação/Netflix
Paraíso distante
- Heraldo Palmeira
GIRAMUNDO VIU Uma distopia com requintes de crueldade ganha forma no filme Paraíso, que acaba de chegar à tela da Netflix. Kostja Ullmann e Marlene Tanczik é o casal de atores que protagoniza uma narrativa futurista que tem a manipulação do tempo de vida humana como intrigante tema central.
A trama se desenrola com a costumeira frieza do cinema alemão e surpreende ao misturar drama, ficção científica, suspense e aventura. E uma dose de dilemas humanos numa sociedade em que a lógica “tempo é dinheiro” perde o sentido figurado e é demonstrada de forma assustadoramente literal, quando pessoas pobres vendem anos de vida – e envelhecem – para que bilionários e figuras de destaque científico rejuvenesçam e ampliem o tempo de vida.
O protagonista é um homem que trabalha numa empresa de comercialização de tempo de vida e seu desempenho na compra desse “bem” de pessoas pobres lhe garante destaque, prêmio de profissional do ano e promoção à gerência do departamento. Entretanto, para morar num apartamento de luxo, ele assume uma grande dívida bancária e, como garantia, sua esposa empenha 38 anos da própria vida. Um incêndio no imóvel impõe grandes reviravoltas e cria um ambiente imprevisível até as cenas finais.
Numa espécie de subtexto, o filme mostra o capitalismo esmagando os pobres que, resignados à uma duríssima realidade em campos de refugiados, preferem vender tempo de vida – em benefício da casta superior – para obter o dinheiro que lhes garanta conforto e meios para legalizar a imigração. Juntando esses extremos, duas figuras de classe média que assumem uma vida confortável quando passam a acreditar que fazem parte do topo da pirâmide social.
O filme tenta levar o público a ter pena dos protagonistas, como se fosse possível relevar que eles tinham uma ótima vida sustentada por rendimentos obtidos na exploração dos mais sacrificados da escala social.
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Trailer Paraíso https://www.youtube.com/watch?v=Y9q3Kn7AunY&t=12s