Por Heraldo Palmeira
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22 de novembro de 2024

A Semana 62

Joel Santana (Joelfotos)/Pixabay

A Semana 62

(Resumo de Mercado – 7 a 11 de agosto e perspectivas para a semana em curso)

Ibovespa: -1,2% | 118.065 pontos

O Ibovespa registrou sua terceira semana consecutiva de declínio, acumulando uma perda de 1,2% e encerrando em 118.065 pontos. Ao longo de agosto, ocorreram nove sessões de queda, culminando em uma retração total de 3,2%. A semana foi caracterizada por intensa atividade, marcada por divulgações de balanços corporativos do segundo trimestre, dados relevantes de inflação no Brasil e nos EUA, publicação da ata do Copom e dados preocupantes de atividade econômica provenientes da China.

Os investidores deram destaque à semana mais significativa da temporada de balanços do segundo trimestre, com mais de 100 empresas brasileiras apresentando seus resultados nos últimos dias. Das companhias listadas no Ibovespa, 66 já divulgaram seus números até o momento. No geral, os resultados não se mostraram tão robustos, com apenas 35% das corporações superando as estimativas de lucro, resultando em uma surpresa negativa de 6,3%, conforme dados da Bloomberg.

No cenário econômico, merecem destaque a ata do Copom e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. Na terça-feira, o Copom divulgou a ata da reunião da semana anterior, na qual decidiu reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 13,25% ao ano. O documento ressaltou a “reancoragem parcial” das expectativas de inflação, mantendo o risco fiscal em perspectiva. Apesar das opiniões divergentes, o Comitê consensualmente reconheceu a necessidade de manter a política monetária restritiva e antecipou cortes de 0,50 p.p. nas próximas reuniões. Na sexta-feira, o IPCA foi divulgado, apresentando um aumento de 0,12% m/m, superando nossas expectativas (0,01%) e as do mercado (0,08%). Embora os números tenham excedido as previsões, a desaceleração da inflação no setor de serviços levou a especulações sobre aceleração nos cortes de juros nas próximas reuniões.

Globalmente, os principais índices de ações enfrentaram uma semana desafiadora, influenciada por dados variados de inflação nos EUA. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,2% m/m, em linha com as estimativas do mercado, porém o acumulado de 12 meses avançou para 3,2% em relação a 3,0% do mês anterior. No que se refere ao núcleo da inflação, excluindo alimentos e energia, houve um aumento anual de 4,7%, a marca mais baixa desde outubro de 2021. Os preços ao produtor (PPI), tanto no índice geral quanto no núcleo, também ultrapassaram as expectativas ao crescerem 0,3% m/m. Nossa equipe de análise macroeconômica acredita que o Federal Reserve não retomará os aumentos na taxa de juros básica, embora seja prematuro discutir cortes.

Também é notável a influência de dados chineses que continuaram a afetar os mercados. As importações caíram 12,4% a/a, muito abaixo das projeções, expondo a fragilidade da demanda interna. As exportações, por sua vez, decresceram 14,5%, aquém das estimativas. Os dados de inflação foi outro ponto gerador de preocupações: o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) diminuiu 0,3% nos últimos 12 meses até julho, enquanto a inflação ao produtor (PPI) retrocedeu 4,4% no mesmo período. Adicionalmente, a fraqueza nos números de crédito e empréstimos bancários indica desaceleração da economia local. Esses recentes indicadores intensificaram as apreensões quanto às crescentes pressões deflacionárias no contexto de uma recuperação econômica frágil, especialmente no setor imobiliário.

O Dólar encerrou a semana com valorização de 0,66% em relação ao Real, situando-se em R$ 4,91/US$. Quanto à curva DI para janeiro de 2037, houve um acréscimo de 9 pontos-base durante a semana, alcançando 11,02%.

O fluxo de investimentos estrangeiros na Bolsa brasileira registrou uma saída líquida de aproximadamente R$ 2,0 bilhões ao longo da semana. Em contrapartida, os investidores domésticos, tanto institucionais quanto Pessoa Física, apresentaram saldo positivo totalizando cerca de R$ 1,0 bilhão.

Perspectivas para a semana em curso

No cenário nacional, as discussões acerca do orçamento de 2024 deverão dominar a agenda fiscal na próxima semana. O governo busca implementar novas medidas para ampliar a arrecadação e atingir a meta de resultado primário zero no próximo ano, incluindo possíveis alterações na tributação do imposto de renda. As propostas necessitam ser apresentadas até 31 de agosto. Um ponto adicional de destaque é a possível aprovação do novo arcabouço fiscal, ainda pendente, que pode ser votado nesta semana. A aprovação desse arcabouço é de suma importância para nortear a elaboração da proposta orçamentária do próximo ano. No que tange aos indicadores econômicos, merece atenção a divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central, uma proxy mensal para o PIB) de junho. Nossas estimativas apontam para um crescimento de 0,8% em relação a maio e de 2,0% comparado a junho de 2022. Assim, o indicador evidenciaria uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre, e de 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, o Tracker do PIB sugere avanços de 0,3% na margem e 2,7% em termos anuais.

No âmbito internacional, destaca-se a divulgação da ata do FOMC (Federal Open Market Committee, o comitê de política monetária do Banco Central dos EUA) na quarta-feira, que promete fornecer mais detalhes sobre a decisão de elevar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual em sua última reunião. Na Europa, a atenção estará voltada para a primeira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro referente ao segundo trimestre. No Reino Unido, o foco estará nas informações sobre a inflação de julho, após uma surpresa positiva nos números de junho.

Fonte

Valore-Elbrus Investimentos | Modal Mais Investimentos (14.08.23)

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