Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

RENATA FERNANDES Minhas liberdades

Anrita/Pixabay

Minhas liberdades

  • Renata Fernandes

A maior liberdade a que me permito é não me sentir obrigada a satisfazer expectativas alheias. A idade me ensinou que não preciso atender a demandas externas, ler todas as notícias, conhecer cada novidade em filmes, séries, músicas e livros.

Igualmente não me vejo compelida a advertir os outros sobre as tolices ou armadilhas nas quais se colocaram voluntária e conscientemente. Meu dever é só comigo.

Também me liberei de justificar as minhas opiniões quando desagradam, embora ditas com sinceridade. Basta apenas eu saber da minha intenção honesta (e porque fui mal interpretada embora tentasse fazer o melhor).

Aprendi a ter paciência comigo, a me perdoar pelas minhas falhas e a fazer anotações mentais para não as repetir.

Quando percebo gente nociva a me perturbar, afasto-me sem culpas. Se alguém se afasta de mim, eu sigo em paz. Se me retribuem com ingratidão, lamento, mas não paro de caminhar. Muita gente já me jurou amizade enquanto me agredia secretamente. A vida está cheia de pessoas interesseiras que nos abandonam quando nos tornamos inúteis para elas. Não sofro por isso. Sei que não sou exceção. Acontece com meio mundo.

Mantenho-me firme nas decisões que tomo, respondo por elas, sejam quais forem as consequências. Foco apenas no que me diz respeito e me esquivo de dar palpites na vida alheia. Não me cabe e não quero isso.

Por fim – e essa é conquista recente – aprendi a silenciar. Há tantas coisas dentro de nós que não deveríamos dizer aos outros… Compartilhar segredos e intimidade não é sábio. A ninguém, além de nós, interessam. Melhor preservar-se (ou contratar um terapeuta).

No fim do dia, gosto de lembrar que amo a mim mesma. Quando eu era adolescente, achava que era muito difícil ser feliz sozinha. Não mais. Hoje acho bem mais simples viver em estado de amor comigo.

No meu sofisticado espaço de privacidade, só quero meus livros, meus amores e nada mais. Minha vida já passou da metade: por que eu desperdiçaria o tempo restante vivendo pela régua alheia?

*RENATA FERNANDES, jornalista

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