Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

KALUNGA MELLO NEVES Mundinho simplório

Geralt/Gerd Altmann/Pixabay

Mundinho simplório

  • Kalunga Mello Neves

Eta mundinho simplório este em que estamos vivendo! É claro que eu não queria que fosse assim. Acho que você também não. Estou procurando me afastar do que me desconforta. Noticiários sensacionalistas, fraturas políticas generalizadas, discussões estéreis. Mas para que isso aconteça, eu teria que retroceder. Justamente indo na contramão do avanço que nos dizem que está acontecendo em todos os segmentos da existência humana. Sinuca de bico, mora!

Os novos administradores da Ordem Mundial querem nos encaixotar em gavetas previamente definidas e sedimentadas. Por exemplo, eu estou velho, sou heterossexual e não utilizo linguagem neutra. Nos padrões modernos, alguém totalmente fora de moda. Minha gaveta, bem abaixo no armário universal, está repleta de rabugentos que pagam impostos em dia, enfrentam problemas com vacina contra a dengue, já não suportam os preços dos remédios e, se não reagirem a tempo, ficarão invisíveis perante a sociedade denominada “ativa” – sim, nós outros devemos nos conformar com a ideia de passividade que nos foi atribuída pelos supostos ativos sem combinação prévia.

Creio eu que mulheres maduras – também podemos chamá-las de menos moças, fica a gosto – passam pelo mesmo dilema existencial. Algumas negam, eu entendo, são otimistas por natureza e se guiam pelo espírito maternal que as caracteriza. E se a esperança continua sendo a última a morrer, esta vontade de sobreviver devemos todos a elas, sem dúvida. Ao espírito feminino que tem a capacidade de manter a fé quando tudo parece favorecer a dúvida.

Nem sempre nossa compreensão alcança ou aceita tudo que nos cerca. Ninguém é dono da verdade, mas o simples observar da passagem do dia, com crianças, adolescentes e adultos a fazer girar o mundo que existe em nossa rua, nossa cidade, nosso país nos faz sacudir a cabeça contrariados com os rumos do mundo.

Eta mundinho simplório esse, sô! Eta mundinho vulgarizado este, cabra! Bah, xente, que chatice isso daí. Barbaridade, tchê! Não importa o sotaque. E não é uma questão de rabugice ou de querer impor nossas vontades.

*KALUNGA MELLO NEVES, escritor e brincante

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