StockSnap/Pixabay
Amor de amigo
- Flávio Rezende
Plantar amizades e colher felicidades é um escrito da alma.
Estou naquela fase da vida em que se perde o interesse em tentar influenciar, posar de sábio, detentor de verdades. Antes pelo contrário, tô mais a fim de esvaziar a mente, jogar fora uma ruma de conhecimentos e ficar leve, fluido, como um bambu oco deixando o vento passar e ouvindo só a melodia resultante.
Só tem uma pessoa para quem tenho interesse em opinar sobre algum assunto, que é minha doce Mel – filha amada. E sem impor, só verbalizando como vejo certas coisas, e deixar que ela decida sua existência. A Gabriel, por já ser adulto, não digo mais nada, só dialogamos no amor, na união e comunhão das boas energias. Já tem seu destino em rédeas próprias.
Dito isto, estou nos Estados Unidos colhendo felicidades das amizades plantadas, numa jornada de 70 dias por Miami, New Orleans, Boston e New York, batendo perna diariamente e curtindo imensidades visuais, produzindo fotografias a rodo e vivendo essa experiência pela network que criei por toda minha vida.
Como sou um funcionário público aposentado, portanto nem rico e nem pobre, jamais poderia passar tão longo tempo nas cities de Tio Sam se não contasse com essa rede que criei ao longo do tempo. Resolvida a passagem, as hospedagens, essenciais para a extensão do período aqui, são resultantes de amizades feitas vida afora, laços carinhosos que foram selados com a cola do amor e do respeito que possibilitam agora acolhidas amorosas e convivências fraternas.
Reencontrar amigos brasileiros aqui residentes como Denise, Aninha, Emília, Rose, Fabiane, Soraya, Eduardo, Gleyse e Zoltan, além de outros novos que vão surgindo, é de uma felicidade imensa, reforçando a tese que amizades bem construídas são alicerces eternos para conexões de ajuda no futuro. É o que acontece comigo neste momento, repetindo experiências anteriores que vivi em Londres com Karla Couto, Paris com Américo Martins, Portugal com Rodrigo Cruz, Claudinha Ferreira, Karla Amaral e Beth Olegário, Itália com Tonho, Chile com Maria Elisa…
Neste tempo de posições antagônicas, de radicalismos, do alto de uma postura zen que resolvi adotar há muito tempo, só posso dizer a esses meninos que estão dando os primeiros passos que conheçam pessoas, formem laços, construam amizades. Essas pessoas vão se espalhar pelo planet e, no futuro, mesmo você estando velho e sem muito dinheiro, haverá pontes e as portas do mundo estarão abertas com welcomes. Afinal, terá plantado corretamente e as colheitas serão possíveis.
Estou vivenciando uma viagem inesquecível, só possível por causa de tantos seres queridos morando por aí. Amizades cultivadas ao longo de uma vida. Amigos que traduzo em amor. Luz!
*FLÁVIO REZENDE, fotógrafo da vida (enquadrando Nova York)