Por Heraldo Palmeira
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23 de novembro de 2024

Plástico podre

TheDigitalArtist/Pete Linforth/Pixabay

Plástico podre

  • Heraldo Palmeira

O plástico – que gerações mais vividas conheceram como “matéria plástica” – revolucionou o mundo. Entre suas principais virtudes estão impermeabilidade, portabilidade, leveza, praticidade, numa lista quase interminável Material de múltiplas utilidades, está em todos os lugares e se tornou indispensável na indústria pesada, nas naves espaciais, nos automóveis, na produção de medicamentos, nos hospitais e até na nossa geladeira, embalando alimentos.

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o mundo produz mais de 400 milhões de toneladas de plástico por ano. Como todo derivado de petróleo, nada amigável ao meio ambiente. A maior parte dessa produção é descartável e de difícil reciclagem e, dependendo do tipo de material e das condições ambientais, pode levar de 250 até mil anos para se degradar.

No início de setembro a revista científica Nature publicou pesquisa realizada na Universidade de Leeds, Reino Unido, cujo resultado é preocupante: o mundo despeja mais de 52 milhões de toneladas de resíduos plásticos na natureza todos os anos e apenas 20 países produzem 70% dessa enxurrada de porcaria.

Os cientistas trabalharam com informações de gestão de resíduos coletadas em mais de 50 mil áreas urbanas ao redor do planeta, tendo o ano de 2020 como referência. Nesse cenário, as máscaras e luvas utilizadas durante a pandemia de Covid-19 tiveram grande impacto no descarte global de plástico.

O grupo pouco elogiável de sujões é liderado pela Índia, tendo a República Democrática do Congo no vigésimo posto da lista. O Brasil está na parte de cima do bloco, ocupando a oitava posição.

Outro dado desanimador é que cerca de 30 milhões de toneladas da poluição plástica terminou incinerada em residências, ambientes públicos e aterros, sem qualquer controle ambiental e liberando gases tóxicos como o mercúrio, com graves consequências para a saúde de pessoas e animais. “Este é um problema urgente de saúde humana global – uma crise contínua: as pessoas cujos resíduos não são coletados não têm outra opção a não ser despejá-los ou queimá-los. Atear fogo aos plásticos pode parecer fazê-los ‘desaparecer’, mas, na verdade, a queima a céu aberto de resíduos plásticos pode levar a danos substanciais à saúde humana, incluindo defeitos neurodesenvolvimentais, reprodutivos e congênitos”, afirmou em comunicado Costas Velis, um dos cientistas envolvidos na pesquisa britânica.

Futuro incerto Os países mais pobres têm dificuldade em gerenciar resíduos e sofrem impacto maior do lixo plástico. Na 5ª Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA), realizada em 2022, ficou registrado o compromisso de 175 países para a criação do Tratado Global contra a Poluição Plástica, que está em fase de preparação e propõe a utilização de materiais menos tóxicos e mais recicláveis, além de soluções para a poluição existente.

No meio desse caminho tem uma pedra enorme: o denominado “colonialismo de resíduos”, a prática de países ricos – a maioria localizada no Norte Global – exportarem resíduos plásticos e tóxicos para os países pobres localizados no denominado Sul Global, mal equipados e sem informações para lidar com o descarte desse tipo de lixo.

Sujões Os dez países que mais descartam lixo plástico (por milhões de toneladas/ano) estão no Sul Global:

  • Índia (9,3)
  • Nigéria (3,5)
  • Indonésia (3,4)
  • China (2,8)
  • Paquistão (2,6)
  • Bangladesh (1,7)
  • Rússia (1,7)
  • Brasil (1,4)
  • Tailândia (1,0)
  • República Democrática do Congo (1,0)

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