Foto: Bola Modelo T (Copa 1930)/Divulgação
1930 Brasil nas Copas
- Sylvio Maestrelli
A Copa do Mundo de 1930 foi realizada no Uruguai. Vencedor: Uruguai.
As 18 partidas foram jogadas apenas na capital Montevidéu e a final terminou Uruguai 4×2 Argentina, cuja comemoração segiu com a decretação de feriado no dia seguinte.
De 1900 a 1928, o futebol, como esporte amador, tinha as Olimpíadas como a única grande competição mundial entre seleções. A hegemonia inicial da Grã-Bretanha (os ingleses se uniam a escoceses, galeses e norte irlandeses no time), que foi campeã em 1900, 1908 e 1912, só foi quebrada pelos belgas, em 1920. Entretanto, em 1924 e 1928, em Paris e Amsterdam, é o Uruguai quem surge como potência, ganhando os dois títulos. Daí o apelido “Celeste Olímpica”.
Ainda em 1928, FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) e COI (Comtê Olímpico Internacional) entram em conflito, a primeira defendendo o profissionalismo no esporte e a segunda, o amadorismo. E para completar, os EUA – por total desinteresse do público norte-americano – excluem o futebol dos jogos de Los Angeles, em 1932. Foi a gota d’água que faltava: a FIFA decidiu romper com o COI e criar a Copa do Mundo de Seleções Nacionais. Ficou estabelecido que a primeira edição ocorreria no Uruguai, face às conquistas de nossos vizinhos. E assim aconteceu.
Enquanto isso, o esporte se popularizara de tal modo aqui na América do Sul que em 1916 é organizado o primeiro Campeonato Sul-americano, em Buenos Aires, competição que, embora não fosse realizada anualmente, aconteceu até 1929, quando foi interrompida pela primeira vez – voltou ao calendário posteriormente. Nessa época, Uruguai (6 títulos) e Argentina (5) foram dominantes. O Brasil venceu apenas em 1919 e 1922, ambos os torneios jogados no Rio de Janeiro.
Por isso, nossos vizinhos eram favoritos na Copa de 1930. Ainda mais que, dos europeus, apenas Bélgica, França, Iugoslávia (com somente jogadores sérvios) e Romênia aceitaram participar do torneio.
No Brasil, tínhamos ótimos times, com domínio dos clubes paulistas em competições interestaduais, destacando-se o Corinthians, o Palestra Itália (atual Palmeiras) e o São Paulo (que recebera os craques do Paulistano). Poderíamos fazer uma boa campanha, mas uma briga entre dirigentes paulistas e cariocas fez com que nosso país fosse representado apenas por atletas do Rio de Janeiro.
Derrotados pela Iugoslávia logo na estreia, apesar de golearmos a Bolívia no jogo seguinte, caímos na fase de grupos, em que só o campeão se classificava. Voltamos para casa com o sexto lugar, enquanto o Uruguai batia a Argentina na final (4 x 2) e conquistava o título. Naquele tempo, a rivalidade entre São Paulo e Rio de Janeiro era tamanha que os paulistas comemoraram bastante quando o Brasil foi eliminado…
Foram para a Copa
Goleiros – Joel (América) e Velloso (Flamengo)
Defensores – Brilhante (Vasco), Itália (Vasco), Oscarino (Ypiranga de Niteroi) e Zé Luiz (São Cristóvão)
Linha média – Hermógenes (América), Fernando (Fluminense), Fortes (Fluminense), Fausto (Vasco), Pamplona (Botafogo) e Benevenuto (Flamengo)
Atacantes – Araken (Santos, o único paulista presente), Carvalho Leite (Botafogo), Nilo (Botafogo), Moderato (Flamengo), Preguinho (Fluminense), Russinho (Vasco), Teofilo (São Cristóvão), Doca (São Cristóvão), Poly (Americano, de Campos) e Manoelzinho (Ypiranga, de Niteroi).
*Dos 22 atletas acima, apenas 8 estavam inicialmente convocados, juntamente com os demais, 14 paulistas. Eram: Joel, Itália, Fausto, Preguinho, Russinho, Carvalho Leite, Nilo e Moderato.
Os paulistas pré-convocados para o período de preparação que foram cortados:
Goleiros – Athiê (Santos), Nestor (São Paulo)
Defensores – Grané (Corinthians), Del Debbio (Corinthians), Clodô (São Paulo), Pepe (Palestra Itália)
Médios – Amilcar (Palestra Itália), Serafini (Palestra Itália)
Atacantes: Filó (Corinthians), Friedenreich (São Paulo), Petronilho de Britto (Sírio), De Maria (Corinthians), Heitor (Palestra Itália), Luizinho (São Paulo)
*SYLVIO MAESTRELLI, educador e apaixonado por futebol
Acompanhe aqui nossa série sobre a participação do Brasil em todas as Copas
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Fontes
Gazeta Esportiva, Placar, Imortais do Futebol, Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, Todas as Copas do Mundo (Orlando Duarte), Futebol Coruja, Futebol Clássico, FIFA, CONMEBOL, CBF, Lance, OGOL.COM.BR, Trivela, Jornal dos Sports e outros