Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Educação + Formação = Futuro

DariuszSankowski/Pixabay

Educação + Formação = Futuro

  • João Galvão Neto e Heraldo Palmeira

Existem inúmeras e sutis similaridades e complementaridades entre os fatores desta fórmula [Educação + Formação = Futuro] imprescindível, jamais matemática, que podem garantir o tempo futuro que precisa ser imaginado hoje para que sejam construídas as mudanças que desejamos para a sociedade. É urgente!

Esta fórmula percebida como garantidora de um futuro que define uma nação é composta de dois elementos que, por vezes, são entendidos como uma mesma coisa: educação e formação. A escola, como elemento diretamente relacionado à educação, tem recebido críticas quanto à sua forma de ensino e de escolhas metodológicas, na maioria das vezes por pessoas não qualificadas que, falham no aspecto formação – educação doméstica, principalmente, e cobram dos professores o burilamento comportamental que é característico das famílias que acompanham de perto o desempenho escolar dos seus filhos. Triste, mas não estranho, uma vez que todos somos técnicos de futebol, economistas e ultimamente, conhecedores profundos da saúde, do direito e da Constituição. Ironias à parte, vemos que o espaço de opinião possibilitado pelas redes sociais nos levou a um momento de cisão do tecido social que não contribui para a construção do futuro desejado.

Todos nós, em algum momento da vida, ouvimos dos nossos pais frases como “Costume de casa vai à praça”; bem como, “Comporte-se adequadamente ou vão dizer que nós não lhe demos educação”. A característica do nosso comportamento é o reflexo da educação que recebemos em casa e que devemos replicar na rua, pois ela está diretamente ligada aos valores domésticos que herdamos. A formação familiar, seus hábitos, sua cultura, seu interesse na participação em eventos sociais na comunidade desempenham um papel importante na formação do indivíduo. Nossos pais são a régua pela qual a sociedade nos mede.

Na canção My little town (Minha Pequena Cidade), Simon e Garfunkel, cantores e compositores americanos, escreveram:

In my little town,

I never meant nothing

I was just my father’s son

(Na minha pequena cidade,

Eu nunca signifiquei nada

Eu era apenas o filho do meu pai)

Como o detalhe da canção nos mostra, percebemos que essa realidade é também parte da nossa cultura. Basta ver que nas nossas cidadezinhas ou mesmo em bairros em que crescemos o texto da canção americana se aplica. Nossa realidade é um testemunho claro. Por exemplo, na Avenida 10, no bairro do Alecrim em Natal (RN) – que ganhou homenagem em Avenida 10, canção espetacular de Babal Galvão –, João Galvão é João de Elvira de Severino Galvão. Do mesmo modo, em Acari (RN), Heraldo Palmeira continua Heraldo de Toinha de Doutor Nemésio. Amigos de cidades do interior são chamados pelo primeiro nome, seguido de nome do pai ou mãe, muitas vezes ainda juntando o nome do avô. Continuamos a ser apenas o filho do meu pai. Talvez essa carinhosa associação direta de respeito aos nossos pais na expressão dos nossos nomes de origem tenha nos ensinado a respeitar os professores.

As nações existem como individualidades no mundo pelo que produzem como resultado da educação – entendida como o que se aprende nas instituições de ensino, mais a formação, que está ligada ao aprendizado cultural e humanístico das comunidades e famílias em que se é criado, acrescido lá adiante pelas especializações. Ao citarmos o nome de uma nação, usualmente vem a nossa memória uma característica cultural que a diferencia de outras nações. Muitas vezes, esse elemento sociocultural é bastante para a compreensão sobre a que sociedade estamos nos referindo. Há alguns anos, era comum o elogio aos japoneses que apareciam usando máscara por estarem acometidos de uma gripe comum. Isso está ligado ao aspecto cultural de um povo, algo que caracteriza uma nação. Com a pandemia de Covid-19, todos passamos a usar máscaras como forma de sobrevivência e saúde coletiva. Bastou a melhoria dos índices de transmissão e muitos (que costumavam elogiar os nipônicos), deixaram de usar máscaras e passaram a criticar aqueles que ainda as usam. Até mesmo esquecendo que o mascarado está, antes de tudo, protegendo os demais. Na verdade, soou meio chocante ver grandes grupos indo às ruas de diversos pontos do mundo protestar contra as medidas preventivas.

O futuro de um povo como propõe a equação não matemática que abre este texto é resultado direto do que se faz com o que a escola ensina mais a formação advinda da cultura comportamental e social do povo. Países do norte da Europa como Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia mantêm uma qualidade de vida e produção cultural, educacional e industrial de alto padrão ao aliarem educação e formação como elementos essenciais para o sucesso da vida dos seus povos. Quando a escola adiciona aos objetivos formais básicos dos seus cursos os elementos culturais da região ou nação onde se inserem, formando não apenas profissionais e técnicos de diversas áreas, mas cidadãos com consciência dos direitos e obrigações que todos têm na vida em sociedade, o país e a coletividade passam a ver e a acreditar no futuro melhor. É importante ressaltar que, nas escolas públicas, os estudos e o desenvolvimento sociocultural oferecidos são pagos e usufruídos por todos.

Aliar Educação e Formação oferecidas por instituições de qualidade a todos é garantia de que podemos acreditar no melhor Futuro para nosso povo e para um relacionamento mais seguro e cooperativo no contexto interno e das nações.

*JOÃO GALVÃO NETO, professor e compositor | HERALDO PALMEIRA, escritor e produtor cultural

*My Little Town foi escrita por Paul Simon e Art Garfunkel. Segunda canção do álbum solo de Simon Still Crazy After All These Years e sexta canção do álbum Breakaway de Garfunkel. A canção é sobre a infância de Garfunkel e seu desejo de sair da cidadezinha onde ele cresceu.

Saiba mais

https://genius.com/Simon-and-garfunkel-my-little-town-lyrics

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