graziegroupseng/Pixabay
- Heraldo Palmeira
A Festa Nacional da França é comemorada em razão do 14 de julho de 1789, quando teve início um ciclo revolucionário que se estendeu até 1799, pôs fim aos privilégios da aristocracia e liquidou o Ancien Régime (Antigo Regime) – sistema político, econômico e social imposto pela monarquia. Além de todas as mudanças registradas na história, a Revolução Francesa legou ao mundo o seu lema Liberté, Egalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), inspirando ativistas políticos mundo afora em diversas épocas e lutas.
A ação teve início na manhã daquele 14 de julho, quando o povo saqueou o Hôtel des Invalides – instalação militar que abrigava soldados feridos –, apoderando-se de armas e rumando para a Bastilha, uma velha fortaleza real que terminou totalmente destruída nos meses subsequentes. Houve uma disputa sangrenta, a instalação foi ocupada pelos invasores e diversos presos libertados. Aquele confronto foi o marco que deu caráter popular à agitação reinante no ambiente político de Paris e terminou espalhando a revolução por toda a França.
Somente em 6 de julho de 1880, quase um século depois, a Assembleia Nacional e o Senado aprovaram o projeto de lei que transformou o 14 de julho na data nacional francesa, uma grande celebração que hoje inclui paradas militares – destaque para a realizada na avenida Champs-Élysées –, iluminação especial em ruas e monumentos, espetáculos de fogos e bailes populares em diversos pontos do país.
A monumental parada militar na Champs-Élysées foi palco de dois momentos especiais. Em 1994, soldados alemães desfilaram como sinal de reconciliação entre França e Alemanha. No centenário do início da Primeira Guerra Mundial (2014), representantes de cerca de 80 países envolvidos no conflito participaram da grande cerimônia como manifesto de louvor à paz.
Alguns estudiosos apontam que os princípios que inspiraram o lema Liberté, Egalité, Fraternité, que não tem autoria conhecida, estão presentes em escritos muito anteriores. Em Santo Agostinho (354 – 430), afirmando em sua obra De Moribus Ecclesiæ Catholicæ (A Moral da Igreja Católica) “que a Igreja reúne os homens em fraternidade, que os religiosos vivem a igualdade por não terem propriedades, que os fiéis vivem na caridade, na santidade e na liberdade cristã”. No filósofo francês Étienne de La Boétie, em seu Discurso da Servidão Voluntária, publicado em 1563. Até que em maio de 1791, René de Girardin, o marquês de Vauvray, proferiu discurso inflamado propondo claramente o tema, a partir dali assumido como proposta da República Francesa e também da maçonaria que apoiava o orador.