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- Heraldo Palmeira
Na última década, fomos nos acostumando a conviver a palavra inglesa startups (iniciantes) cada vez mais presente no noticiário de economia e tecnologia. Não demorou, estava toda presunçosa como que anunciando que era a tradução da mina de segredos dos negócios do futuro e ambiente repleto de pessoas especiais, sempre capazes de enxergar o que ninguém mais conseguia.
Também havia o objetivo quase obsessivo de encontrar os “anjos”, investidores sempre sentados sobre aquela montanha de dinheiro capaz de transformar ideias incomuns em grandes negócios – e gerar novas fortunas para as tais mentes brilhantes. Afinal, o sonho onipresente era um só: chegar à condição de “unicórnio”, as firmas que ultrapassam US$ 1 bilhão em valor de mercado.
Tudo ia bem, o discurso era sempre muito positivo e inflado pelas assessorias de imprensa, até que neste primeiro semestre de 2022 os diabinhos da roleta dos negócios começaram a rondar o altar das startups. Os novos ciclos de investimentos esperados não se concretizaram e as startups reduziram suas operações – os aportes tiveram redução de 44% no período. A crise se instalou com força descomunal nas firmas de todos os portes e em todos os segmentos.
Pegando o mercado de surpresa, inclusive por repetir a fórmula surrada dos negócios tradicionais, uma onda de demissões em massa para enxugar as operações dominou o segmento, impondo sorrisos amarelos como nova marca registrada, já que a expressão “tempos difíceis” parece já não ser bastante para esquadrinhar o cenário instalado.
Por estarem teoricamente dedicadas ao empreendedorismo inovador, as startups têm a particularidade de compor seus quadros com gente jovem. Esse tranco do sistema e a aparente incompetência para achar uma saída menos traumática do que demissões em massa poderá esmagar o ideal que conquistou profissionais qualificados, que pautam a vida pela busca de satisfação pessoal e profissional ao mesmo tempo e estão dispostos a encarar um ambiente de trabalho que parecia inovador, instigante, distante do modelo tradicional e sempre pronto a encontrar soluções criativas.
O grande trabalho que parece surgir para o sistema das startups é a reconstrução das relações de trabalho e da própria imagem como projeto sólido. Estará em destaque a capacidade de garantir estabilidade e relevância suficientes para a permanência de empresas e pessoas no mercado.
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