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Sons da terra
- Nina Ximenes e Heraldo Palmeira
Você decide ir para o campo, e ali, tranquilamente, se senta na relva, à sombra de uma árvore. Que silêncio sepulcral! Tudo lhe parece quieto e sossegado. Ledo engano. Sob seu traseiro, no subsolo, uma completa algazarra escapa à sua limitada audição humana. São diversos tipos de sons produzidos pelos incontáveis seres que habitam essa camada do nosso planeta, inclusive os que são gerados pelas raízes da árvore onde você se sentou.
Os sons desconhecidos da terra estão sendo desvendados por um novo campo da ciência, a bioacústica do solo. Marcus Maeder é um ecologista, compositor de música eletrônica e artista do som que fincou um microfone especial na grama de uma montanha onde estava sentado. O que ouviu foi tão fantástico que agora trabalha num projeto acadêmico sobre os sons da biodiversidade no Instituto Federal de Tecnologia em Zurique, Suíça. Aquela audição inusitada trouxe aos fones de ouvidos uma algazarra. “Eram sons muito estranhos. Havia vibrações, trinados e raspagens. Você precisa de um vocabulário para descrevê-los”, informa Maeder.
Não é novidade para os pesquisadores, o solo que está abaixo dos nossos pés abriga tal diversidade e quantidade de vida como qualquer dos lugares da Terra. Tanto que, numa xícara de terra, eles já contaram até 100 milhões de formas de vida, pertencentes a mais de 5 mil espécies. Essas comunidades subterrâneas estão na base de boa parte da vida do planeta, incluindo os alimentos e o ar que nos mantêm vivos. Por isso, é compreensível que os sons que tocam por lá soem melódicos aos ouvidos.
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