Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

“Dicionaro” de bolso

Editora Urutau/Divulgação

Dicionaro de bolso

  • Rogério Galindo

GIRAMUNDO RECOMENDA Dicionaro, O Dicionário de Bolso

Minha paixão por frasistas vem de umas férias em que meu pai comprou O Poder de Mau Humor, de Ruy Castro. Meu irmão e eu passamos o verão descobrindo Oscar Wilde, Bernard Shaw, Fran Lebowitz, Nelson Rodrigues, Ambrose Bierce, H.L. Mencken. Estilos diferentes, mas todos cheios de verve e veneno. E, coisa importante no humor: voltados contra o poder.

Muitos anos depois, quando tínhamos acabado de fundar o Plural, no meio deste caos em que o país ainda se encontra, recebi uma mensagem de Carlos Castelo. Confesso que demorei um minuto para unir o nome à pessoa. Aquele publicitário premiado e generoso era o mesmo sujeito que tinha feito minha cabeça com as músicas e letras geniais do Língua de Trapo.

(Até hoje me pego cantando “Um Brasileiro em Paris”: “La politique et la prostitute/Sont tout la même chose/Vejam o exemplo do Miterrand/É socialista mas só faz pose.” Sem falar no magistral samba-enredo em homenagem à TFP, que fala tanto sobre nosso conservadorismo.)

Carlos se propôs a fazer um diário do governo (sic) nascente na forma de um dicionário de bolso. Nascia o Dicionaro. Durante meses, com uma disciplina impressionante e uma imaginação fértil, ele me enviou e-mails que me deixavam maquiavelicamente sorridente. Eram levas e levas de frases de carpintaria bem-feita e maldade na medida certa.

Claro que o governo (?) facilitou a vida de humoristas e críticos, mas fazer frases sucintas e emblemáticas como estas é coisa arriscada. Trabalho para poucos. Invejoso por um lado, mas orgulhosíssimo por outro, publiquei no Plural todos os textos. Sabia que era importante não só para nós, mas para o país. Não só para o momento, mas para depois.

Agora, quando parece que chega ao fim o reino dessa gente mesquinha e sem graça que tomou Brasília de assalto, recebi a notícia deste livro. E fico duplamente feliz, vendo que a impertinência destes textos vai ficar registrada também em papel, para que daqui a muitos anos vejam que alguns brasileiros resistiram a este momento difícil.

Carlos Castelo resistiu, brilhantemente, com estas armas que aprendi a admirar desde cedo, nele e em outros: a inteligência, o humor fino e a vontade de dar uma surra de palavras em todos aqueles que atravancam o nosso caminho. Boa leitura.

*ROGÉRIO GALINDO, editor do jornal Plural Curitiba

Pré-venda (editora Urutau) www.editoraurutau.com

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