Bola Tango Durlast (Copa 1978)/Divulgação
1978 Brasil nas Copas
- Sylvio Maestrelli
A Copa do Mundo de 1978 foi realizada na Argentina Ocidental. Vencedor: Argentina.
A final Argentina 3×1 Holanda colocou os holandeses em sua segunda final consecutiva de Copa e, mais uma vez não conseguiram vencer. Os argentinos levantaram o caneco pela primeira vez, ganhando o jogo na prorrogação.
Apesar de ter conquistado o 4º lugar em 1974, Zagalo foi substituído pelo veterano treinador Oswaldo Brandão, cujas missões seriam: reformular o time (com a inclusão de novos talentos), formar uma equipe mais ofensiva e classificar a Seleção para a Copa da Argentina.
Muitos jogadores foram testados, mas logo depois de um empate por 0x0 com a Colômbia, em Bogotá, nas Eliminatórias (quando o Brasil jogou muito mal), Brandão e a CBD se desentenderam e Cláudio Coutinho, um treinador disciplinador e com conceitos tidos como modernos para a época (overlapping, ponto futuro etc.) foi convidado e assumiu o cargo. A Seleção, mesmo sem convencer, se classificou. Pior: pouco tempo antes da Copa, Coutinho e o craque Falcão (Internacional) brigaram e o melhor jogador brasileiro da época foi cortado da lista final dos 22 convocados.
Já durante a Copa, os problemas começaram a surgir. A séria contusão de Rivelino, líder do time. As improvisações de Coutinho (escalando Edinho de lateral esquerdo contra Suécia e Espanha e Toninho Baiano como ponta direita contra a Espanha). A pressão política do comando da CBD para que Zico e Reinaldo fossem substituídos por Jorge Mendonça e Roberto Dinamite na escalação. Tantas encrencas, somadas a um regulamento que claramente favorecia os donos da casa (a Argentina jogaria a última rodada da segunda fase já sabendo de qual resultado precisaria contra o Peru para chegar a final), fizeram com que terminássemos a competição em terceiro lugar, invictos. “Campeões morais”, dizia Coutinho sobre nossa campanha, enquanto os hermanos comemoravam seu primeiro título.
Coutinho tinha lá suas razões. Afinal, o jogo Argentina 6×0 Peru – os argentinos precisavam vencer o jogo por quatro gols de diferença para tirar o Brasil da final – é até hoje considerado uma das partidas mais suspeitas da história das Copas, com farta literatura disponível, inclusive depoimentos de jogadores dos dois lados afirmando que havia gente vendida em campo. Mesmo considerando o excelente time argentino, é bom lembrar que o Peru vinha sendo uma das boas seleções daquela Copa e, na segunda metade da partida do quadrangular semifinal, parecia acometido de uma apatia inexplicável – depois de um primeiro tempo duríssimo, que terminou 0x0.
Afinal, não se pode considerar comum a visita do ditador argentino Jorge Videla, acompanhando por militares e pelo ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger à concentração do Peru antes do jogo, com o propósito de conclamar uma certa “irmandade” entre os dois países. Videla leu um suposto comunicado do ditador peruano Morales Bermúdez destacando que a Argentina sempre colaborou e defendeu os peruanos.
Para temperar as suspeitas, há registros de que a Argentina liberou um empréstimo de US$ 50 milhões, a fundo perdido, aos peruanos pouco tempo depois da conquista da Copa.
O contexto político da época é fator fundamental para alimentar todo esse conjunto de suspeitas. A Argentina estava envolta numa ditadura das mais sangrentas e vencer aquela Copa virou uma questão de Estado para o governo.
FORAM PARA A COPA
Goleiros – Leão (Palmeiras), Carlos (Ponte Preta) e Valdir Peres (São Paulo)
Defensores – Nelinho (Cruzeiro), Toninho Baiano (Flamengo), Oscar (Ponte Preta), Amaral (Guarani), Abel (Vasco), Polozi (Ponte Preta), Edinho (Fluminense) e Rodrigues Neto (Botafogo)
Meio-campistas – Toninho Cerezo (Atlético Mineiro), Batista (Internacional), Chicão (São Paulo), Rivelino (Fluminense) e Dirceu (Vasco)
Atacantes – Gil (Botafogo), Reinaldo (Atlético Mineiro), Zico (Flamengo), Jorge Mendonça (Palmeiras), Roberto Dinamite (Vasco) e Zé Sérgio (São Paulo)
LISTA DE ESPERA (OS DEMAIS, COMPLETANDO 40)
Goleiros – Raul (Cruzeiro), Wendell (Fluminense)
Defensores – Zé Maria (Corinthians), Orlando (Vasco), Luís Pereira (Atlético de Madrid), Rondinelli (Flamengo), Odirlei (Ponte Preta) e Wladimir (Corinthians)
Meio-campistas – Falcão (Internacional), Carpegiani (Flamengo), Adílio (Flamengo) e Mendonça (Botafogo)
Atacantes – Tarciso (Grêmio), Enéas (Portuguesa), Nunes (Santa Cruz), Marcelo (Atlético Mineiro), Éder (Grêmio) e Romeu (Corinthians)
PRÉ-LISTA (SELECIONADOS, MAS CORTADOS DOS 40)
Goleiro – Mazarópi (Grêmio)
Defensores – Marinho Peres (Palmeiras) e Marinho Chagas (Fluminense)
Meio-campistas – Caçapava (Internacional) e Paulo César Caju (Botafogo)
Atacantes – Paulo Isidoro (Atlético Mineiro), Palhinha (Corinthians), Joãozinho (Cruzeiro), Serginho Chulapa (São Paulo – cortado dos 40 por indisciplina)
*SYLVIO MAESTRELLI, educador e apaixonado por futebol
Acompanhe aqui a nossa série sobre a participação do Brasil em todas as Copas
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Fontes
Gazeta Esportiva, Placar, Imortais do Futebol, Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, Todas as Copas do Mundo (Orlando Duarte), Futebol Coruja, Futebol Clássico, FIFA, CONMEBOL, CBF, Lance, OGOL.COM.BR, Trivela, Jornal dos Sports e outros