Por Heraldo Palmeira
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22 de novembro de 2024

A Semana

Sergei Tokmakov/Pixabay

A Semana

(Resumo de Mercado – 19 a 23 de setembro)

Ibovespa: +2,2% | 111.716 pontos

Em semana de decisão de vários bancos centrais do mundo, como nos EUA, Inglaterra, Brasil e China, o Ibovespa foi na contramão dos mercados e encerrou em alta de +2,2% aos 111 mil pontos.

Com a expectativa e posterior anúncio do aumento nos juros americanos e por outros bancos centrais, o temor de desaceleração e recessão econômica e o aumento do sentimento de aversão ao risco tomaram os mercados, derrubando os principais índices globais, como o S&P 500, que entrou em bear market – quando o índice cai mais de 20% desde sua última alta. O dólar reagiu com alta perante as outras moedas globais, impulsionado também pelo sentimento de aversão a risco, que faz com que investidores migrem para tipos de investimentos mais seguros, como a moeda americana. O DXY encerrou a semana em alta de 2,9%. Já a libra e o euro registraram movimento contrário com o aumento dos temores de recessão, e encerraram em baixa de -4,9% e -3,2%, respectivamente, quando comparados ao dólar.

Nos EUA, o Federal Reserve elevou a taxa básica de juros em 75 pontos-base e reiterou seu compromisso para controlar a inflação, mesmo que isso signifique colocar o país em uma recessão. Jerome Powell, presidente do Fed, complementou, em um discurso hawkish (mais duro), que poderá ter que aumentar a taxa de juros até 4,4% já ao final de 2022, o que deverá impactar a taxa de desemprego e desacelerar a economia local. Com a alta nos juros americanos e o aumento da expectativa de recessão econômica, a taxa do título de dois anos do Tesouro americano atingiu seu maior valor desde 2007.

Nessa semana também foram publicados dados de atividade econômica global, que seguiram mostrando desaceleração. O índice de gerentes de compras (PMI) composto dos EUA na prévia de setembro subiu a 49,3, de 44,6 pontos em agosto. Na Zona Euro, o PMI caiu para 48,2, abaixo dos 48,9 de agosto e em linha com as estimativas dos economistas. Um nível abaixo de 50 indica contração. No Reino Unido, o mesmo índice caiu para 48,4 de 49,6 em agosto. Esta foi a leitura mais baixa desde o bloqueio do Covid-19, em janeiro de 2021.

No Brasil, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75%, também em linha com as expectativas. A decisão significou uma interrupção no processo de alta de juros iniciado em março de 2021, quando a taxa básica estava em 2,00%. O comunicado que acompanhou o anúncio do Copom trouxe elementos sugerindo que, apesar da manutenção dos juros, o Comitê segue preocupado com a inflação. No mercado local, refletindo a perspectiva de menor crescimento global e a desvalorização do petróleo, a Petrobras (PETR4) registrou queda de mais de 5%.

Na China, a autoridade monetária de Hong Kong teve que subir a taxa de juros para 3,5%, seu maior valor desde a crise de 2008, após o aumento dos juros pelo Fed, para manter o seu sistema de câmbio vinculado ao dólar. O movimento acaba exercendo pressão nos ativos de risco e representa riscos de desaceleração também para a economia local. Já o banco central chinês manteve inalteradas as taxas de juros nesta terça-feira, na busca por um equilíbrio entre preservar uma política monetária no campo expansionista e conter perdas do yuan.

Na Europa, o Banco da Inglaterra elevou sua taxa de juros em 0,5 p.p., para 2,25% ao ano, sua sétima alta consecutiva. Além disso, o Reino Unido anunciou seu novo plano de crescimento que inclui o maior pacote de cortes de impostos em gerações. É uma cartada para tentar estimular a economia num momento em que o país sofre com a inflação alta e está prestes a entrar em recessão. A inflação anual está atualmente em 9,9%, uma das taxas mais altas desde a década de 1980.

No ambiente geopolítico, o presidente russo Vladimir Putin mobilizou novas tropas em direção à Ucrânia e reiterou a possibilidade do uso de armas nucleares, causando novos temores para os ativos de risco. O movimento de Putin pode agravar ainda mais as crises alimentícias e energéticas globais.

O Dólar fechou a semana com alta de 0,23% em relação ao Real, em R$ 5,26/US$. Já a curva DI para o vértice de janeiro/31 apresentou queda de -27 bps na semana, atingindo 11,60%.

O saldo acumulado da movimentação dos investidores estrangeiros na Bolsa foi cerca de R$ -0,4 bilhões.

Para a semana em curso (26 a 30), o destaque continua sendo a política monetária nos Estados Unidos, com discursos de dirigentes do Fed e a divulgação do índice de inflação preferido pelo Fed, o deflator PCE, que devem dar o tom para o mercado. Além disso, nos EUA teremos o dado de PIB do segundo trimestre, PMIs da China de setembro e inflação ao consumidor na Europa em agosto.

A próxima semana será marcada pela reta final do primeiro turno das eleições e pela ata da última reunião do Copom. No ambiente dos dados econômicos, o destaque no Brasil será o IPCA-15 de setembro, para o qual esperamos deflação de -0,16%, e os dados de setor externo e mercado de trabalho de agosto.

Fonte

Valore-Elbrus Investimentos | Modal Mais Investimentos | Grupo Credit Suisse (26.09.2022)

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