Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

A indústria dos shows residentes

Reprodução/somchaij

A indústria dos shows residentes

  • Heraldo Palmeira

Hoje (5) tem show da cantora Katy Perry em Las Vegas, Estados Unidos. Ela vai subir ao palco do teatro do Resorts World Las Vegas para apresentar mais um show do espetáculo Play, montado especialmente para sua temporada residente iniciada em 29 de dezembro de 2021.

Com a legalização do jogo, Las Vegas experimentou um crescimento exponencial do turismo. Para ampliar as opções de entretenimento, os grandes cassinos começaram a realizar longas temporadas de shows, dando ao espetáculo o caráter de “residente” na cidade.

O primeiro artista a subir ao palco nessa modalidade de contrato foi o lendário showman Liberace, nos anos 1940. Na década seguinte, ninguém menos que Frank Sinatra consagrou o formato, que já era compreendido pelo público como algo de grande sofisticação.

Com o passar do tempo, a percepção mudou. Quando a cantora Céline Dion anunciou sua primeira temporada residente, crítica e público receberam com reservas e logo surgiram comentários de que ela estava decadente e falida. Porém, suas duas residências viraram o jogo de ponta-cabeça pois, além de mostrar um nível artístico espetacular, alcançaram os maiores faturamentos da história dos cassinos de Las Vegas. A New Day, em cartaz de 2003 a 2007, é a temporada líder de bilheteria até hoje com US$ 385,1 milhões (R$ 1,98 bilhão). Céline, apresentada de 2011 a 2019, arrecadou US$ 249,4 (R$ 1,28 bilhão).

O sucesso absoluto das temporadas transformou Dion numa espécie de soberana do negócio. Desde então o mercado de shows em cassinos ganhou um novo status, exigindo cada vez mais criatividade dos artistas e um patamar ainda mais elevado na produção dos eventos.

A partir de então esse mercado ganhou tal dimensão que grandes artistas entraram no circuito, inclusive buscando acordos por iniciativa própria. A lista é enorme – Christina Aguilera, Gwen Stefani, Janet Jackson, Mariah Carey, Ricky Martin… – e tem alguns destaques:

Elton John fez duas residências. The Red Piano (2004 a 2009) esteve em cena 243 vezes. The Million Dollar Piano (2011 a 2017) registrou 207 apresentações.

Britney Spears (2013 a 2017) teve passagem tão marcante que recebeu a chave da cidade e ganhou o Britney Day, comemorado anualmente desde 2014. Tudo isso tem uma razão especial: sua temporada Britney:Piece of Me salvou da falência o Planet Hollywood Resort and Casino.

Jennifer Lopez (2016 a 2018) realizou 120 apresentações, foi aclamada pela crítica em razão das performances e do nível da produção e obteve faturamento de US$ 101 milhões (R$ 535,6 milhões). A temporada tornou-se a mais lucrativa realizada por artistas latinos e a sexta no ranque geral.

Lady Gaga (2018 a 2020) dividiu sua temporada residente em dois shows diferentes. Enigma mostrava o repertório de seus álbuns, enquanto Jazz & Piano abordava as mais famosas canções americanas do século 20 e versões acústicas dos seus próprios sucessos.

Breve história

Os primórdios da cidade estão associados à chegada do explorador mexicano Rafael Rivera, que encontrou o vale em 1829. No mesmo ano o comerciante Antonio Armijo liderou uma caravana vinda da Califórnia com 60 homens, que batizaram o local como Las Vegas (os prados, em espanhol) em razão da abundância de gramíneas verdes e nascentes de água no meio do deserto.

Em 1848, a região, que pertencia ao México, terminou anexada pelos Estados Unidos na assinatura do Tratado de Guadalupe Hidalgo, que encerrou à Guerra Mexicano-Americana. Com o fim da Guerra Civil Americana (1864) foi elevada à condição de Estado, batizado de Nevada. A chegada do serviço de trens (1905) fez de Las Vegas próspera vila ferroviária, cujo rápido desenvolvimento transformou-a em cidade incorporada (1911).

O ano de 1931 marcou o início do grande boom de negócios e turismo a partir da legalização do jogo, inicialmente dominados pelo crime organizado. As explosões nucleares (cerca de uma por mês) promovidas pelo Exército entre 1951 e 1958 criaram o turismo atômico, que injetou milhões de dólares na cidade. Em fins dos anos 1960, o bilionário Howard Hughes desembarcou em Vegas comprando hotéis, cassinos e emissoras de TV. Sua chegada trouxe muitos outros investimentos de grandes organizações, montando um novo cenário. Foi a senha para que o governo implementasse ações firmes, que culminaram com o fim do domínio dos criminosos e transformaram a cidade num dos maiores destinos turísticos do mundo.

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