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Metaverso: promessa e risco
- Heraldo Palmeira
O mundo sofreu mudanças profundas e definitivas em razão da pandemia de covid-19. Dentre as mais importantes temos a nova face da vida digital. Antes incipiente, terminou muito ampliada porque fomos obrigados a encontrar caminhos de segurança sanitária e sobrevivência no mundo real. Em pouco tempo, a vida on-line tornou-se profunda e indispensável. Estabelecido o novo patamar, as fronteiras do futuro deixaram o ambiente da ficção científica e já estão no território dos nossos teclados e telas.
Em outubro de 2021, o CEO da Meta Mark Zuckerberg trouxe à luz seu sonho – que parece soar ainda meio delirante – a respeito do que seria um metaverso que idealiza. Já o professor da Universidade de Nova York Scott Galloway considera esse novo mundo digital uma promessa e um grande risco, cuja melhor versão “adotará e sincronizará os principais elementos da vida off-line e pode ser muito mais do que a busca de um homem pelo controle das nossas vidas virtuais”.
Como a maioria dos iniciados no assunto, Galloway explica que o metaverso funcionaria como uma cópia do mundo físico, construído por diversos ambientes virtuais conectados. Algo como uma versão 3D de imersão via rede, que tem diversos componentes instalados há muito tempo no cotidiano tais como interações econômicas e sociais.
O metaverso entraria na receita de uma nova realidade como um mecanismo capaz de agregar aplicativos em interoperabilidade para oferecer uma experiência ampla. Galloway ajuda os mortais comuns na compreensão da novidade: “Nossos espaços virtuais discretos de hoje podem se tornar um universo virtual amanhã. Os ambientes tridimensionais dos jogos modernos, a conectividade das redes sociais e o poder comercial do e-commerce podem estar todos em um espaço contínuo e acessível a todos na Terra”.
As big techs, que obviamente já sabem muito do que sequer desconfiamos, trabalham forte em busca dessa nova realidade, mantendo a visão pragmática de que o metaverso é uma grande oportunidade comercial, uma plataforma que permitirá ao usuário trabalhar, ganhar, gastar, se exibir e aprender, “uma espécie de sistema operacional para nossas vidas digitais”, afirma Galloway.
O sucesso desse mundo virtual passa pela sua capacidade de espelhar o mundo real, onde o sistema econômico e a liberdade serão também dois pontos basilares. Afinal, ninguém conseguirá viver sem bens e conexões comerciais e sociais, será preciso construir “o mundo” onde se quer viver.
Também não faltarão os riscos. Afinal o desejo de poder e as manipulações comprometem a liberdade e seguem presentes no caráter humano. Ainda mais num mundo escrito e operado em linhas de programação, uma linguagem que jamais será popular.
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