Sergei Tokmakov
A Semana
(Resumo de Mercado – 10 a 14 de outubro e perspectivas para a semana em curso)
Ibovespa: -3,7% | 112.072 pontos
Em semana de bastante volatilidade nos mercados globais, o Ibovespa encerrou em queda de -3,7% aos 112 mil pontos. O foco das bolsas ao redor do mundo foi principalmente o rumo da política monetária global, com destaque ao posicionamento do Federal Reserve (Fed). Nos movimentos dos últimos dias houve destaque para o setor de varejo, onde Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3) caíram 17% com o aumento nas taxas do título de governo americano. Na outra ponta, as ações da Braskem (BRKM5) saltaram 30% após informações de que a gestora americana Apollo teria melhorado sua oferta para aquisição da companhia.
Nos EUA, os destaques foram a ata da última reunião do seu banco central e mais um dado de inflação, ambos indicando que os juros americanos devem continuar a subir. De acordo com a ata do Comitê de Política Monetária (FOMC), o Fed deve manter a postura contracionista até que a inflação comece a arrefecer, e as próximas decisões dependerão da evolução dos dados econômicos – discurso reforçado pelos dirigentes durante a semana. Além disso, os índices de preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) subiram 0,4% em relação a agosto, ambos acima das expectativas do mercado. Com indicadores mostrando que a inflação continua persistentemente alta, o mercado precifica um quarto aumento consecutivo de 75bps na próxima reunião do Fed. Como resultado, as taxas de juros das Treasuries dispararam, com o título de 10 anos superando 4,0% – maior nível desde 2008 – e os índices registraram fortes perdas. Apesar de um rali na quinta-feira, as altas não se sustentaram, e o S&P 500 e Nasdaq registraram perdas de -1,6% e -3,1%, respectivamente.
Outro destaque lá fora foi a temporada de resultados do 3T22 que começou com os grandes bancos reportando, como J.P. Morgan, Wells Fargo e Morgan Stanley. Os resultados foram mistos, com os bancos mais dependentes das receitas de investimentos sofrendo mais, e os com maior exposição à carteira de crédito se beneficiando das taxas de juros mais altas. Destaque também para a gestão de despesas e aumento nas provisões para potenciais perdas no segmento de crédito por conta do cenário macroeconômico mais desafiador.
No Brasil, o IPCA recuou 0,29% entre agosto e setembro, marcando a terceira leitura seguida de deflação mensal, porém com números menores do que as projeções. Os declínios nos preços de alimentação e combustíveis explicaram, em grande parte, essa variação negativa no mês passado. Adicionalmente, dados de vendas no varejo recuaram pela terceira vez seguida em agosto, atingindo o menor nível desde o início do ano, e refletindo que as condições de crédito mais apertadas e o alto endividamento das famílias pesaram sobre as vendas reais do setor no mês.
No Reino Unido, o Banco Central da Inglaterra realizou compras de US$ 73 bilhões em títulos de dívida indexados à inflação, para conter o colapso no mercado de renda fixa britânico. Além disso, a primeira-ministra Liz Truss anunciou que vai abandonar um projeto que previa o congelamento do aumento dos impostos corporativos do país. A proposta foi apresentada inicialmente no pacote econômico elaborado pelo então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, demitido nesta semana e substituído por Jeremy Hunt.
O Dólar fechou a semana com alta de 2,34% em relação ao Real, em R$ 5,32/US$. Já a curva DI para o vértice de janeiro/31 abriu +22 bps na semana, atingindo 11,82%.
O saldo acumulado da movimentação dos investidores estrangeiros na Bolsa foi cerca de R$ 300 milhões.
Na semana em curso, o destaque no cenário internacional será a divulgação do PIB da China, do índice de expectativas e índice de preços ao produtor da Alemanha, Livro Bege do FOMC, pedidos de auxílio-desemprego dos EUA e prévia do índice de confiança do consumidor na Zona do Euro
No Brasil teremos o IBC-Br, proxy mensal do PIB divulgada pelo BCB, referente a agosto, além do IGP-10 e a prévia do IGP-M, ambos para outubro.
Fonte
Valore-Elbrus Investimentos | Modal Mais Investimentos | Grupo Credit Suisse (17.10.2022)