Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

A bola das meninas 4

Divulgação/FIFA

A bola das meninas 4

  • Sylvio Maestrelli

Enfim, chegou a hora. Neste domingo (20) teremos uma previsível final europeia no Mundial do equilíbrio. Espanha e Inglaterra – ambas finalistas pela primeira vez – decidirão a Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino 2023, em Sydney, Austrália. Antes, no sábado, Suécia e Austrália decidirão o terceiro lugar, o bronze. Um epílogo justo para o mais equilibrado Mundial da história do futebol das mulheres.

Já nas quartas de final, as quatro equipes demonstraram sua competência. As espanholas, em jogo duríssimo, conseguiram derrotar as fortes holandesas na prorrogação, por 2×1. As suecas, que nas oitavas haviam despachado as sempre favoritas norte-americanas, voltaram a contrariar os prognósticos, derrotando por 2×1 as japonesas (que na fase de grupos surpreendentemente golearam por 4×0 as espanholas). As inglesas, também por 2×1, venceram as colombianas (o azarão das oitavas), graças a uma infelicidade da goleira sul-americana. E as anfitriãs australianas, com uma retranca muito forte, seguraram as favoritas francesas e as eliminaram nas cobranças de pênaltis, após empate sem gols no jogo e no tempo extra.

As semifinais também foram muito pegadas, com jogos novamente marcados pelo equilíbrio técnico, tático e físico entre os times. Aí, a Inglaterra venceu a Austrália por 3×1, não sem antes as donas da casa perderem diversas oportunidades claríssimas de gol (como diz o ditado, quem não faz, leva!). Por seu lado, a Espanha – que vem numa trajetória ascendente durante toda a competição – mostrou seu talento, vencendo a Suécia em um jogo truncado, mas com final emocionante: as nórdicas empataram faltando dois minutos para a parida terminar e as espanholas novamente passaram à frente no minuto seguinte, fechando o placar em 2×1.

A final entre Espanha e Inglaterra não é obra do acaso. Reflete, sim, a ótima organização dos respectivos campeonatos nacionais, o que explica uma grande ascensão de seus times e de suas seleções nas últimas competições internacionais – a seleção inglesa é a atual campeã da Eurocopa. Os gigantes do futebol masculino abraçaram o futebol feminino e hoje Chelsea, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Liverpool, Tottenham, Aston Villa, Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid, Sevilha e Valência dominam a Europa, ao lado de times franceses e alemães.

Muitos desses clubes já contam em seus elencos com craques locais e de outras partes do mundo. A atacante colombiana Linda Caicedo, considerada a melhor jogadora jovem do mundo, está no Real Madrid. A artilheira australiana Sam Kerr defende o Chelsea. O Barcelona é o atual campeão da Champions League Feminina e tem a melhor jogadora do mundo nas duas últimas temporadas, a espanhola Alexia Putellas.

As duas finalistas fizeram bonito na Copa. A “Fúria” feminina (Espanha) atropelou sucessivamente Costa Rica (3×0) e Zâmbia (5×0), foi derrotada de goleada pelo Japão (4×0 em jogo que servia apenas para decidir quem era a primeira do grupo), goleou a Suíça (5×1) nas oitavas, passou pela Holanda (2×1) nas quartas e pela Suécia (2×1) na semifinal. Uma derrota apenas, quando “podia perder”. E vem atuando muito bem. A Inglaterra chega invicta à decisão, ainda que irregular e claudicante em alguns jogos. Depois de vencer as primeiras partidas por magros 1×0 (contra a fraca Haiti e a perigosa Dinamarca), fechou a fase de grupos com um impiedoso 6×1 na China. Mas, nas oitavas, sofreu para despachar a Nigéria na cobrança de pênaltis, após 0x0 no tempo normal e na prorrogação. Nas quartas, impôs um sofrido 2×1 na Colômbia e, na semifinal, 3×1 na Austrália. Chega sem derrotas, mas venceu a duras penas adversárias bastante inferiores tecnicamente.

Embora as duas campanhas possam indicar um resultado geral melhor para a Espanha, não é possível cravar favoritismo porque, numa final, tudo pode acontecer. Além do ineditismo do título (nenhuma das duas seleções havia sido finalista de uma Copa do Mundo), há um outro ponto em jogo. O país vencedor será o primeiro da história a ter sido campeão mundial tanto no futebol masculino, quanto no feminino, um ingrediente mais do que suficiente para apimentar a disputa.

A fase de mata-mata da Copa chegará ao fim neste fim de semana, quando serão conhecidas as vencedoras das medalhas de bronze, prata e ouro (além do troféu de campeãs mundiais).

Dia 19 (sábado): Suécia x Austrália

Dia 20 (domingo): Espanha x Inglaterra

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