Divulgação/Banco Central
A sumida
- Heraldo Palmeira
Aqui e ali alguém pergunta se a nota de 200 reais ainda existe. Desde julho de 2020, quando o Banco Central anunciou sua criação, a novidade foi cercada de controvérsias.
A explicação oficial para a novidade era um suposto aumento da demanda por papel-moeda gerado pela pandemia, além do efeito facilitador que teria sobre o pagamento do auxílio emergencial criado para socorrer camadas mais pobres da sociedade diante das interrupções no fluxo da economia naquele período.
Foram impressas 450 milhões de unidades, traduzidas como R$ 90 bilhões em dinheiro vivo. Antes mesmo de começarem a circular, faziam a festa das redes sociais com memes, inclusive tendo um cão vira-lata como estampa. E falsificações já zanzavam pela região do comércio popular de Madureira, no Rio de Janeiro.
O fato de a circulação ter sido iniciada num momento em que os pagamentos digitais começavam a ganhar mais força gerou muitos questionamentos. A ponto de a cédula ser alvo de chacota como a nova “tomada de 3 pinos” brasileira.
Talvez a raridade da nota seja um retrato sem Photoshop da realidade econômica de grande parte da população. Depois de três anos do lançamento, os próprios dados oficiais demonstram que nossa maior cédula ainda não faz parte do cotidiano dos brasileiros. Tanto que mais de 70% de todas as produzidas ainda não saíram dos cofres do Banco Central – estão nas ruas apenas 132 milhões delas e 318 milhões permanecem guardadas. Uma distância abissal das outras de maior circulação: R$ 100 (1,81 bilhão de unidades) e R$ 50 (1,74 bilhão de unidades).
Para distribuir papel-moeda pelo país o Banco Central vai abastecendo o Banco do Brasil, encarregado por contrato de suprir o mercado por meio de suas agências e dos outros bancos. Mas quem determina a demanda é o uso da população e o cenário mudou completamente. “O advento de outros meios de pagamento como o PIX, a ‘uberização’ da economia, que nos disponibilizaram outras formas de efetuar pagamentos, enviar e receber recursos mais práticas, são tão rápidas quanto e em muitas ocasiões mais seguras do que andar por aí com dinheiro no bolso”, explica Paula Sauer, professora da FIA Business School.
A escolha da efígie respeitou campanha oficial de 2001, quando a população escolheu animais em risco de extinção. O resultado apontou nos três primeiros lugares a tartaruga marinha (utilizada na nota de R$ 2, lançada em 2001), o mico-leão-dourado (nota de R$ 20, lançada em 2002) e o lobo-guará (nota de R$ 200, lançada em 2020).
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https://inteligenciafinanceira.com.br/financas/nota-de-200-reais-onde-foi-parar/