Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Alzheimer com frutose

Reprodução/Canaltech (iLexx/Envato)

Alzheimer com frutose

  • Heraldo Palmeira

A frutose, o popular açúcar das frutas, pode ser um dos grandes fatores de desenvolvimento da doença de Alzheimer. Na visão de cientistas da Universidade do Colorado (EUA), ela está diretamente relacionada com a presença de frutose no cérebro.

Segundo essa nova hipótese levantada pelo estudo norte-americano, o excesso desse açúcar na dieta cotidiana pode causar acúmulos anormais de proteína no cérebro, algo que terminará corroendo lentamente memória e cognição ao mesmo tempo em que vai “matando” os neurônios.

Antes de transformar as frutas em vilãs e pensar que restringir seu consumo é a solução, é recomendado observar a origem da frutose que pode impactar as funções cerebrais e contribuir para o desenvolvimento da doença. Até porque o próprio organismo produz esse tipo de açúcar a partir da quebra de glicose, fundamental para o corpo.

Na verdade, há uma grande probabilidade de as frutas serem isentas de culpa. A bomba pode estar escondida nos xaropes de frutose fartamente utilizados pela indústria alimentícia no preparo dos mais diversos produtos que levamos para a mesa com grande prazer – bebidas, refrigerantes, molhos, chocolates, pães, geleias, embutidos e inúmeros outros alimentos.

Ou seja, consumimos sem perceber índices elevados de frutose e tudo piora se a dieta também for rica em gordura, açúcar e sal, que aumentam a produção (de frutose) no organismo. “Você pode encontrar altos níveis de frutose no cérebro de pessoas com Alzheimer”, afirma Richard Johnson, um dos autores do estudo.

É importante não perder de vista que a frutose tem relação direta com as estratégias de sobrevivência do organismo – o instinto de buscar alimentos é um dos fatores fundamentais. Isso pode ajudar a explicar as evidências do impacto desse tipo de açúcar no risco de Alzheimer. “Ao contrário da glicose, que é uma fonte para as necessidades imediatas de energia, o metabolismo da frutose resulta em uma resposta orquestrada para estimular a ingestão de alimentos e água, reduzir o metabolismo de repouso, estimular o acúmulo de gordura e glicogênio e induzir resistência à insulina como meio de reduzir o metabolismo e preservar o suprimento de glicose para o cérebro”, afirma o grupo de cientistas em comunicado. Eles também defendem que “esse mecanismo de sobrevivência tem um papel importante no desenvolvimento da doença de Alzheimer e pode ser responsável por muitas das características iniciais do quadro”.

Hoje, o Brasil conta 1,2 milhão de pessoas vivendo com algum tipo de demência, a doença de Alzheimer é a mais comum e a cada ano 100 mil novos casos de declínio cognitivo são acrescentados às estatísticas nacionais. Já o relatório da Alzheimer’s Disease International – federação internacional sem fins lucrativos de associações de Alzheimer e demência – prevê que o número de diagnósticos continuará crescendo em todo o mundo.

A boa notícia é que milhares de cientistas seguem trabalhando em busca de maneiras de controle do avanço desse tipo de demência e formas de reverter quadros instalados. É o caminho por onde será possível avançar até a conquista da cura para um mal que cada vez mais devasta pessoas e suas famílias.

Saiba mais

https://canaltech.com.br/saude/doenca-de-alzheimer-esta-relacionada-com-frutose-no-cerebro-240926/

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