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Amazon fecha lojas
- Heraldo Palmeira
As gigantes de tecnologia têm emitido sinais que, numa análise mais simplista, podem apontar fadiga comercial. Os exemplos têm se repetido e o mais recente é da gigante Amazon – a segunda maior big tech do planeta, atrás apenas da Apple. Na verdade, a crise inédita que bateu à porta da empresa foi um big problema que exigiu medidas rápidas.
A Amazon anunciou recentemente o fechamento de 68 lojas físicas da sua rede varejista – livrarias, supermercados e espaços temporários de comercialização principal de eletrônicos (pop-ups). E o mesmo risco já ameaça alguns dos seus estabelecimentos autônomos, cuja ideia original era revolucionar a experiência de consumo por não operar com atendimento humano.
As lojas físicas foram castigadas pela chamada “tempestade perfeita”, quando uma série de fatores se juntam para provocar avarias generalizadas e profundas. Neste caso, a explosão do comércio digital. Repleta de recursos tecnológicos cada vez mais amigáveis aos usuários, a vida virtual entrou no cotidiano das pessoas repleta de comodidades, inclusive estabelecendo novos hábitos para o consumo que passam longe de sair de casa.
A Amazon parece estar vivenciando um momento de autofagia, quando sua fabulosa expertise digital – que se tornou modelo universal – feriu de morte seu pedaço erguido em lojas físicas. Talvez tenha acreditado que cercar de alvenaria sua avançadíssima tecnologia fosse suficiente para desbravar novas frentes. Não foi.
A aposta no segmento de lojas físicas começou em 2015. Surpreendendo os especialistas, a empresa abriu as portas da primeira unidade da livraria Amazon Books. Passo seguinte, Amazon Fresh (supermercado) e Amazon Go (sem atendentes). Parece ter sido uma decisão equivocada quando o varejo apontava que esse modelo estava com os dias contados. Tanto que os EUA já reconheciam a probabilidade de os shopping centers imensos, que um dia revolucionaram o comércio mundial, começarem a desaparecer a partir de 2025. No meio desse caminho tortuoso, a pandemia consolidou o comércio digital, que parece ter trazido o sopro da morte para negócios construídos com tijolos e argamassa.
O fato de a Amazon ser uma das empresas mais inovadoras de todos os tempos, cujo modelo de negócio mudou o perfil do comércio para sempre, não foi suficiente para garantir sustentabilidade às suas lojas físicas. O único atenuante é que a crise bateu à porta de outros gigantes tecnológicos e, desde 2022, Google, Facebook, Disney, Yahoo e a própria Amazon anunciaram um cenário de demissões que poderá chegar a 60 mil empregados. Ou seja, o reverso do frenesi de contratações trazido pela nova era digital.
A única gigante do setor que se mantém incólume é a Apple, talvez por ter seguido um modelo de gestão distante de planos mirabolantes.
Novas rotas Para recompor a carteira de negócios afetada pelas lojas físicas – o comércio digital da empresa continua absoluto –, a Amazon está apostando em duas frentes. A Zoox, frota de táxis sem motoristas (e sem volantes de direção) que já está rodando em trechos delimitados na Califórnia. Ampliar as transmissões esportivas (ao vivo) por streaming, já que é detentora dos direitos dos jogos da NFL (campeonato de futebol americano dos EUA) e Premier League (campeonato de futebol da Inglaterra).
Saiba mais
https://olhardigital.com.br/2023/03/04/pro/amazon-fecha-oito-lojas-com-sistema-sem-caixas/