Por Heraldo Palmeira
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22 de novembro de 2024

HAYTON ROCHA As Cinzas do mundo

Alexander Antropov/Pixabay

As Cinzas do mundo

  • Hayton Rocha

Nestes catárticos dias de Carnaval pós-pandemia de Covid-19 lembrei-me do líder político russo Vladmir Putin, que vira e mexe ameaça apertar o botão e deflagrar a terceira e definitiva guerra mundial, determinando o fim da aventura humana na Terra. Ontem mesmo fez nova leva de ameaças nucleares em tom ainda mais enfático. Também há quem considere apenas retórica de quem está encurralado na encruzilhada – prestes a completar um ano – em que se meteu na Ucrânia.

Não sei a quem o russo pretende assustar. Dos mais velhos, como eu, corre o risco de ouvir algo como “já aperta tarde!”. Afinal, ficar por aqui assistindo à onda de catástrofes naturais (ciclones, dilúvios, epidemias, incêndios, deslizamentos de barreiras, terremotos etc.) e antinaturais, como irmãos famintos na fila do osso na porta de açougues em busca de sobras dos mais favorecidos, talvez o confronto generalizado nos poupe inclusive da tristeza do noticiário.

Dos mais novos, nem sei se ouvirá alguma coisa, dado que têm preocupações mais substantivas (para eles!) como o alucinógeno da hora, a coreografia da vez ou ouvir de novo Zona de Perigo, o pagodão de Leo Santana que me tortura os ouvidos há dias, mesmo de janelas fechadas.

E tem ainda a turma da meiuca, faixa intermediária entre 35 e 55 anos, que está na correria, acasalando, procriando, tentando contornar diferenças com seus rebentos em intermitente ebulição hormonal.

Na expectativa de ascensão profissional (ou maiores lucros), essa turma também não está nem aí para o possível armagedom – segundo a Bíblia, a batalha final de Deus contra a sociedade humana injusta e perversa.

Outra turma também grande busca hoje as Cinzas da Quaresma para ir escapando de (não) ver as cinzas do mundo.

*Hayton Rocha, escritor e blogueiro

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