Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Asas exclusivas

Divulgação/Elevate e New Pacific

Asas exclusivas

  • Heraldo Palmeira

A queda de qualidade do transporte aéreo é um fenômeno mundial. Quem deseja viajar com um mínimo do requinte que um dia dominou o setor, e fugir da confusão reinante no mercado tradicional, precisa de uma matéria-prima essencial: dinheiro.

Para atender a um nicho acostumado a exclusividade e que exige cada vez mais diferenciais, alguns aeroportos estão abrindo as portas de salas VIP de alto luxo (veja matéria VIP do VIP, link abaixo). A ideia é garantir um pré-voo diferenciado e distante do ambiente caótico que domina a maioria dos aeroportos ao redor do mundo, que começa a contaminar até as salas VIP tradicionais. Infelizmente, esse quadro de desconforto generalizado deverá seguir piorando, já que não param de crescer fatores como demanda e falta de civilidade viajando com muitos passageiros.

Prometendo salvar do caos quem deseja voos tranquilos sem os preços proibitivos da primeira classe, surgiram os chamados all business class flights (voos somente com classe executiva, em tradução livre do inglês), onde jatos comerciais tradicionais recebem apenas assentos de classe executiva (32 a 100 lugares, dependendo do modelo utilizado).

Esse modelo de negócio tem raízes no lendário Concorde, que voou de 1969 a 2003. Mesmo com 128 assentos bem mais simples que as atuais poltronas de executiva, o mix de rapidez supersônica e serviço premium eram seu grande diferencial e caracterizaram o avião de configuração única como o primeiro all business class.

O novo momento desse tipo de operação ganhou os ares pelas asas de companhias como British Airways, Qatar Airways, Singapore Airlines e da francesa La Compagnie. Para fortalecer o segmento e viabilizar mais voos com esses aviões de configurações especiais, algumas empresas passaram a oferecer também um mix de classe executiva e econômica premium um pouco mais caprichada.

Esse mercado também inspirou uma série de operações com aviões privados, que voam em roteiros particulares mediante locação ou no turismo de alto luxo. O mais reluzente deles é o Airbus A321neo da rede hoteleira Four Seasons, que oferece excursões para lá de exclusivas ao redor do mundo. Por preços à altura da categoria do serviço, o cliente pode fazer uma volta ao mundo em 24 dias, mergulhar nos mistérios da lugares fascinantes como a Ilha de Páscoa ou as ruínas astecas.

Mais recentemente, as empresas norte-americanas Elevate Aviation Group e New Pacific Airlines resolveram investir no segmento de alto luxo aéreo. Para isso, deram configuração VIP a três Boeing 757, oferecendo a bordo somente 78 assentos de classe executiva.

Antes, atendiam demandas do segmento de esportes profissionais e universitários com a subsidiária Private Jet Services (PJS), mas o aumento da frota abriu espaço para uma procura ampliada, especialmente pelo setor denominado MICE-Meetings, Incentives, Conferences, Exihibitions, dedicado a realizar eventos corporativos e viagens de incentivo e premiação a partir de experiências diferenciadas e marcantes. O setor de hotelaria e o de simples transporte corporativo também acenam como clientes potenciais. “Sua proposta de valor única e a história de 20 anos trabalhando com fretamento de grupos grandes permitem que ambas as empresas liderem com sua solidez e ofereçam um serviço inigualável”, afirmou Rob McKinney, CEO da New Pacific Airlines.

As duas empresas planejam ampliar a oferta na proporção das outras novas aeronaves que forem chegando para a frota, notícia que anima a indústria da aviação. “Nossa prioridade máxima é fornecer aeronaves seguras e de melhor qualidade no mercado. Vemos essa parceria como um divisor de águas para nossa linha de produtos”, anima-se Lezlea List, presidente da PJS.

Serviços de grande exclusividade desenhados para carteiras abonadas afastam boa parte das chateações mundanas na hora de cruzar os céus. Mesmo assim, é prudente não perder de vista que riqueza nunca foi rima obrigatória para elegância, eficiência é uma mercadoria dependente de muitos fatores – humanos inclusive – e nem mesmo o ambiente de jatinhos particulares é garantia definitiva de céu de brigadeiro.

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