Por Heraldo Palmeira
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23 de novembro de 2024

Busca profunda

Netflix/Divulgação

Busca profunda

  • Heraldo Palmeira

GIRAMUNDO VIU O que parece ser apenas um curto período de férias no modelo sem lenço e sem documento para uma mulher holandesa, que acabou de se divorciar e segue atormentada por problemas familiares e fantasmas do passado, envereda por uma busca emocional profunda. Esse é o centro da narrativa de Em Busca de Mim, produção da Netflix, que estreou em novembro/2022, e começa com o cenário arrebatador da ilha vulcânica italiana de Stromboli, um pedaço de paraíso ao norte da Sicília, no mar Tirreno.

Para fugir da angústia pós-divórcio, Sara (Elise Schaap) volta a Stromboli, lugar que parece frequentar – sua carinhosa amizade com Gustav, que está à sua espera no cais, é uma pista. Por uma série de bebedeiras e coincidências, Sara vai encontrando pessoas interessantes e termina hospedada – resgatada seria a palavra mais adequada – numa pousada de luxo com vista deslumbrante para o mar, reservada com exclusividade para o retiro “Do Medo ao Amor”.

É ali que Jens (Christian Hillborg) recebe pequenos grupos de diversas nacionalidades que se sucedem em períodos de uma semana, e fustiga os demônios de cada um dos participantes em busca de reparo para as feridas emocionais que todos carregam. E a protagonista será confrontada com o passado doloroso que vive tentando esconder.

Em Busca de Mim aborda diversos temas presentes no cotidiano de muita gente, gerando especulações se o roteiro é original ou baseado em fatos reais. Realizado como adaptação do livro homônimo (lançado em 2018) da escritora e jornalista holandesa Saskia Noort, o filme é parcialmente baseado em inúmeros episódios vividos pela autora.

O diretor Michiel van Erp trabalhou com um ótimo elenco oriundo de diversas nacionalidades – destaques para Tim McInnerny (Harold), Anna Chancellor (Diane), Taz Munyaneza (Violet) e Pieter Embrechts (Hans) –, numa espécie de similaridade com as várias origens dos personagens. Um detalhe que pode reforçar a ideia do roteiro ao juntar gente tão diversa no grupo de terapia que carrega a ação central do filme.

A locação Stromboli também serviu de locação para Stromboli, Terra de Deus (1950), do diretor italiano Roberto Rossellini. Durante as filmagens aconteceu uma paixão vulcânica entre o cineasta e a atriz sueca Ingrid Bergman, protagonista do filme. Os dois abandonaram seus casamentos para iniciar uma vida juntos, causando grande escândalo na época.

A ilha vulcânica localizada ao norte da Sicília teve seu apogeu econômico baseado nos cultivos de azeitona, figo e uva, e na pesca marinha. As constantes erupções do vulcão Stromboli, diversos terremotos e a proliferação de um fungo que dizimou a cultura mais rentável, a da uva malvasia, provocou um êxodo populacional que deixou a ilha praticamente abandonada na década de 1930.

Hoje, o Stromboli é o vulcão mais ativo da Europa, chegando a servir como verdadeiro farol para os navegantes do sul do mar Tirreno, já que suas erupções ocorrem em intervalos médios de uma hora. Elas duram de poucos segundos até 20 minutos e, segundo os locais, as mais barulhentas, apesar de mais assustadoras, são as menos perigosas.

Tamanha atividade virou uma grande atração que atrai turistas do mundo inteiro, inclusive para assistir diretamente de dentro do mar ao espetáculo de fogo e larva descendo pela encosta da montanha. No período da alta estação, a população da ilha chega a 4 mil habitantes espalhados pelos vilarejos – esse número sofre enorme redução no inverno.

Para chegar em Stromboli há conexões regulares de navios partindo de Nápoles (4h30), Lípara (1h10) e Milazzo (3h50). Os deslocamentos na ilha só podem ser feitos por táxis (parecidos com carrinhos de golf), além de lambretas e bicicletas disponíveis para locação.

Assista ao trailer   https://www.youtube.com/watch?v=vz6VqkHeKkE

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