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Café da vida
- Heraldo Palmeira
O segredo da longevidade pode estar na sua xícara de café. Pode ser que estejamos apenas diante de mais uma daquelas incontáveis situações em que determinados alimentos são exaltados ou difamados. Agora é um momento de alta dessa bebida maravilhosa que também é uma das mais populares do mundo.
A novidade da vez vem da Universidade de Coimbra, onde pesquisadores sob o comando do neurocientista Rodrigo Cunha revisaram mais de 50 estudos a respeito do consumo do café e seus impactos na saúde. O trabalho levou em conta dados referentes a centenas de milhares de pessoas que vivem em diferentes partes do mundo. Também considerou variáveis como tabagismo e consumo de álcool.
Os gajos d’além-mar não deixaram por menos. Eles garantem que, além da capacidade de despertar o corpo e a alma, “beber café regularmente está associado a quase dois anos a mais de expectativa de vida e a um envelhecimento mais saudável”. Como se não bastasse, o café nosso de cada dia oferece um bônus sedutor para quem adora seu cheiro e sabor inigualáveis: diminui os riscos daquelas doenças crônicas – câncer, diabetes e cardiopatias – que fustigam a sociedade moderna sem dó nem piedade.
O café é um mar de mistérios. Comumente associado à cafeína e sua capacidade de espantar o sono, a bebida carrega mais de 2 mil compostos bioativos. Estão lá polifenóis, antioxidantes e anti-inflamatórios que combatem o desgaste natural do corpo e ajudam a manter funções cardíacas, musculares e mentais. Sem contar o reforço ao sistema imunológico.
O estudo português afirma que o consumo de até três xícaras diárias é o ideal para colher todos os benefícios oferecidos pela bebida. Rodrigo Cunha considera que o papel do café no envelhecimento saudável costuma ser ignorado nas recomendações tradicionais sobre saúde. Ele chama a atenção para as evidências consistentes sobre redução de doenças graves – demência e depressão – associadas ao consumo moderado.
Depois de tantas notícias animadoras é importante ter em mente que não há milagre, o consumo religioso de café não garante a eternidade. É preciso colocar na receita fatores genéticos, alimentação equilibrada, estilo de vida e efeitos da bebida em cada pessoa. Sem contar que açúcar, adoçantes e outros acompanhamentos calóricos põem tudo a perder. Ou seja, o café pode ajudar, mas não tem poderes mágicos.