Por Heraldo Palmeira
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22 de novembro de 2024

Cenário econômico brasileiro

Steve Buissinne/Pixabay

Cenário econômico brasileiro

  • Vagner Santos

Um breve histórico do cenário econômico e político brasileiro, desde os anos 1900, e como a bagagem adquirida ao longo dos anos nos trouxe ao ponto em que nos encontramos hoje. Instabilidade política e econômica, desemprego, alta taxa de juros, inflação: os desafios da nova economia e perspectivas de cenário para o ano de 2023

Sobre os aspectos de cenário econômico e políticas econômicas brasileiras, devemos tratar de uma forma sucinta o histórico dos modelos econômicos com seus respectivos representantes em cada período.

Durante os anos 1900, a economia brasileira era principalmente agrícola, com a produção de café como principal fonte de renda do país. Esse período foi marcado pelo surgimento das primeiras indústrias, resultado de investimentos de capital estrangeiro em setores como a siderurgia e a exploração de petróleo. A produção cafeeira proporcionou um período de crescimento econômico e modernização nas principais cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Na década de 1930, a economia brasileira passou por um processo de industrialização incentivado pelo governo Getúlio Vargas. Essa industrialização foi guiada por políticas protecionistas, que priorizavam a produção nacional e estimulavam a criação de indústrias em território brasileiro.

Nos anos 1950 e 1960, a economia brasileira experimentou um forte crescimento econômico, com a produção de bens duráveis e de consumo em massa. Porém, esse crescimento foi marcado pelo aumento das desigualdades sociais e pela concentração de renda nas mãos das elites.

A partir dos anos 1970, começou a sofrer com a crise da dívida externa e com a estagnação econômica. A inflação se tornou uma grande preocupação para o país e as medidas adotadas para combatê-la geraram instabilidade e descontentamento social.

Na década de 1990, o governo Fernando Henrique Cardoso implementou políticas de estabilização econômica, como o Plano Real e a adoção do câmbio flutuante. Essas medidas foram bem-sucedidas em controlar a inflação, mas geraram um aumento do endividamento público e dificuldades para os setores mais vulneráveis da sociedade.

A partir dos anos 2000, o país vivenciou um período de forte crescimento, impulsionado principalmente pelo boom das commodities e pela demanda chinesa por matérias-primas. Esse momento de prosperidade econômica foi interrompido pela crise financeira global de 2008 e pela queda dos preços das commodities nos anos seguintes.

Nos anos 2010, a economia brasileira enfrentou uma série de problemas, como a crise política e a recessão econômica. O governo adotou medidas de austeridade fiscal e de liberalização econômica, mas a recuperação tem sido lenta e desigual para diferentes setores da sociedade.

Atualmente, enfrenta desafios como o desemprego elevado, as desigualdades regionais e sociais e a dependência de setores específicos, como agronegócio e commodities. O país precisa encarar esses desafios para construir uma economia mais inclusiva, diversificada e sustentável no futuro. Consideramos importante destacar nesse processo variáveis econômicas (PIB, emprego, inflação, juros e setor externo) e político-econômicas (balança comercial e políticas fiscal, monetária e cambial).

As políticas fiscais brasileiras, em 2023, ainda são incertas, visto que o cenário econômico do país continua instável. Alguns economistas argumentam que o Brasil precisa adotar medidas mais rígidas de controle fiscal, incluindo uma reforma da Previdência ampla e uma redução nos gastos públicos. No entanto, espera-se que o governo continue a tomar medidas fiscais importantes para equilibrar o orçamento do país, como cortes de gastos, aumento de impostos e a busca por receitas adicionais.

De acordo com o economista Maílson da Nóbrega, em entrevista concedida ao portal G1, “o Brasil precisa de uma política fiscal restritiva, com medidas estruturais para o equilíbrio das contas públicas, e que incentive o desenvolvimento econômico”. Contudo, ele alerta para a necessidade de se evitar cortes abruptos em áreas prioritárias, como saúde e educação.

Já outros economistas, como Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sugerem que o governo deve investir em programas de infraestrutura e projetos que possam aumentar a competitividade da economia brasileira. “Devemos olhar para o futuro e investir em setores estratégicos, como a modernização da infraestrutura, para atender às necessidades do mercado global”, explica.

Em relação ao ano de 2023, espera-se que as políticas fiscais brasileiras estejam mais focadas na retomada econômica e na geração de empregos. Nesse sentido, é importante que o governo adote medidas que ajudem a impulsionar a economia sem comprometer as contas públicas, como a redução da burocracia, a criação de incentivos para a atração de investimentos estrangeiros e o estímulo ao empreendedorismo.

Segundo o economista Ricardo Amorim, em entrevista à Revista Exame, “o Brasil precisa de uma política fiscal mais dinâmica, que permita a retomada do crescimento econômico e gere empregos. Para isso, é preciso adotar medidas que incentivem o investimento, a produção e o consumo, e que fortaleçam o mercado interno e a exportação de produtos brasileiros”.

As políticas fiscais brasileiras, em 2022, foram de contenção de gastos e busca por equilíbrio das contas públicas. Já para 2023, espera-se que o foco esteja na retomada econômica e na geração de empregos, com medidas que incentivem o investimento e a produção.

Em relação ao emprego, a taxa de desemprego tem apresentado queda nos últimos meses e deve continuar nessa tendência ao longo do ano. De acordo com dados do IBGE, a taxa média de desemprego em 2021 foi de 14,4%, em 2022 foi de 11,5%.

Quanto à inflação, apesar de ter atingido níveis elevados em 2021, na casa dos 10%, a tendência é de que haja uma desaceleração em 2023. O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu a meta de inflação em 3,5%, podendo variar em 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Analistas projetam uma taxa de inflação ao redor de 5%.

Os juros no Brasil também apresentaram alta em 2022, principalmente após a retirada dos estímulos econômicos feitos pelo Governo Federal em virtude da pandemia. O Banco Central do Brasil sinaliza alta da taxa básica de juros (Selic) para atuar no controle da inflação. Projeções apontam para uma taxa Selic de 12,5% final em 2023 e 10% final em 2024.

Assim como foi em 2022, a exportação principalmente produtos como soja, carne e minério de ferro deve continuar sendo um importante fator na economia brasileira em 2023. A recuperação econômica de outros países, principalmente da China, um importante parceiro comercial do Brasil, deve manter a demanda pelos produtos brasileiros. No entanto, a valorização do real frente a outras moedas pode tornar a exportação menos competitiva no cenário internacional.

As perspectivas para o cenário econômico brasileiro em 2023 são incertas e vêm sendo afetadas principalmente pelos desdobramentos da pandemia, da instabilidade política e das reformas econômicas em andamento.

Entretanto, há algumas previsões positivas, como a retomada do crescimento econômico após a crise gerada pela pandemia e pelos desafios políticos. Espera-se a retomada do crescimento de forma consistente e sustentável, especialmente se o país conseguir avançar em reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, que podem melhorar o ambiente de negócios e a estabilidade fiscal.

No entanto, há também preocupações com relação ao endividamento público, ao aumento da inflação e à instabilidade política, que podem afetar a confiança dos investidores e desacelerar o crescimento econômico.

Além disso, a retomada econômica não deve ser uniforme em todos os setores e regiões do país, e é possível que haja uma maior concentração de crescimento nas áreas mais desenvolvidas e nas atividades que têm maior potencial de digitalização.

Em resumo, as perspectivas para o cenário econômico brasileiro em 2023 são incertas e dependem de diversos fatores, como o controle da pandemia, a melhoria do ambiente de negócios e a estabilidade política e fiscal.

*Foram considerados dados do ano fechado de 2022 e do primeiro trimestre de 2023.

*VAGNER SANTOS, engenheiro e executivo do grupo Valore-Elbrus

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