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Covid no cérebro
- Heraldo Palmeira
Pesquisas realizadas pelo King’s College London avaliaram o impacto prolongado da Covid-19 e o resultado, publicado na revista científica The Lancet, é motivo de preocupação. Pessoas que foram infectadas pelo coronavírus podem continuar sofrendo sequelas da doença mesmo tendo se passado dois anos da contaminação. Os efeitos na atividade cerebral são tão intensos que caracterizam um quadro semelhante a um envelhecimento de dez anos.
O estudo foi realizado em três grupos distintos: quem nunca contraiu o vírus, aqueles que diziam ter se recuperado inteiramente da contaminação e os que ainda sentiam os efeitos da doença. Todos foram submetidos a baterias repetidas de testes de desempenho cognitivo para avaliação de atenção, controle motor, memória de trabalho e raciocínio.
Quem teve sintomas da Covid-19 por um período a partir de três meses apresentou desempenho pior nas tarefas realizadas nos testes, inclusive em relação aos que enfrentaram sintomas por tempo menor.
Ao mesmo tempo em que o estudo observou o comprometimento cognitivo após diversas infecções, não ficou claro se o problema regride com o passar do tempo, detalhe que acende um sinal de alerta e exige atenção.
Hoje as diversas cepas do vírus estão controladas, resultado inequívoco do efeito positivo da vacinação. Entretanto, mesmo diante do alívio na letalidade das infecções, as inúmeras sequelas da doença seguem agindo sem que suas extensões sejam suficientemente conhecidas.
No fundo, é ilusória a sensação de que alcançamos uma convivência pacífica como o coronavírus, já que ele continua circulando, deixando rastros desconhecidos e capazes de comprometer com gravidade o resto da vida de suas vítimas.
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