Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Dia de Neruda

Bertrand/Divulgação

Dia de Neruda

  • Heraldo Palmeira

Pablo Neruda é um homem que viaja eternamente pelo mundo nas letras que escreveu. Quem visita o Chile sente no ar a reverência à sua presença forte na história no país. Quem visita suas três casas famosas pode quase conviver com seu estilo pessoal único. Neruda é considerado o poeta nacional do Chile e suas obras seguem influentes e populares ao redor do mundo.

Em 1974, Confesso que Vivi, livro póstumo com suas memórias, tornou-se best seller internacional e trouxe Neruda e sua obra para novas gerações. Sem contar que serviu para atrapalhar de forma contundente todos os esforços da ditadura para suprimir a memória do poeta da consciência coletiva chilena.

Em 1994, a lenda ganhou ainda mais espaço no inconsciente coletivo com o premiado O Carteiro e o Poeta, filme que marcou época ao contar com simplicidade e beleza, de forma ficcional, a história do poeta em Isla Negra ao lado de Matilde Urrutia, sua terceira mulher, enfeitada pela delicada relação que o poeta estabelece com um homem transformado em carteiro diante da quantidade de correspondências que chegam para o morador ilustre – na verdade, o filme foi rodado na cidadezinha de Pollara, na ilha siciliana de Salina, talvez como alusão ao período em que o poeta esteve exilado na Itália, vivendo na ilha de Capri.

Neruda deixou três casas no Chile, que viraram centros de visitação de grande procura: La Chascona (Santiago), La Sebastiana (Valparaiso) e Casa de Isla Negra (El Quisco), onde encontra-se sepultado ao lado de Matilde no jardim diante do Pacífico. É provável que nem mesmo o poeta tenha previsto o quanto esses endereços serviriam para marcar tão profundamente seu território e mantê-lo vivo dentro do país.

Nascido RicardoEliécer Neftalí Reyes Basoalto num 12 de julho, em 1904, Neruda ficou mais conhecido pelo pseudônimo – mais tarde transformado em nome legal. Sua trajetória política e diplomática juntou-se à literatura que ficou impressa na vida latino-americana do século 20. O Prêmio Nobel de Literatura de 1971 coroou uma obra composta de vários estilos – poesia, prosa, épicas históricas, manifestos, autobiografia.

Sua morte em 23 de setembro de 1973 segue cercada de controvérsias. A versão oficial transmitida pela imprensa apontou insuficiência cardíaca. Em choque pela deposição e morte trágica do amigo presidente Salvador Allende, Neruda foi internado por alguns dias em uma clínica de Santiago, no ambiente explosivo do golpe militar comandado por Augusto Pinochet. Poucos dias depois, resolveu regressar para sua casa em Isla Negra depois de suspeitar que um médico injetara uma substância para assassiná-lo. Morreu poucas horas depois de chegar ao seu recanto diante do mar que tanto amava.

Em 2015, o Ministério do Interior do Chile emitiu uma declaração atestando um documento – do próprio Ministério – onde reconhecia que “era explicitamente possível e altamente provável” que a morte de Neruda tenha se dado como resultado da “intervenção de terceiros”.

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