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Câncer: epidemia a caminho?
- Heraldo Palmeira
Uma nova preocupação domina o ambiente das autoridades de saúde ao redor do mundo: o número de crescente de casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos pode ser um indício de epidemia global da doença. Esse tipo de problema tem se tornado comum e é denominado câncer de início precoce.
Uma revisão nos registros da doença realizada em 44 países apontou que o câncer de início precoce tem aumentado rapidamente em 14 tipos, oito deles no sistema digestivo, especialmente o colorretal. Outro dado importante é que os pacientes estão em países de renda média e alta que não enfrentam dificuldade de acesso alimentar.
Embora os números possam estar relacionados a testes mais modernos e sensíveis, o patologista Shuji Ogino, professor da Escola de Saúde Pública de Harvard que participou desse trabalho revisional, não descarta outros fatores de risco muitas vezes somados e alguns ainda desconhecidos. Dentre os mais significativos estão consumo de álcool, diabetes, dietas ricas em açúcares e carne vermelha, insônia, obesidade, poluição ambiental, sedentarismo, tabagismo e trabalho noturno ou fragmentado por turnos. “Há muitos fatores de risco desconhecidos, como um poluente ou aditivos alimentares”, concluiu.
Em razão de tantos desses cânceres estarem relacionados ao sistema digestivo, o especialista acredita que a dieta e as bactérias que vivem no intestino têm papel importante para desencadear uma possível epidemia da doença.
Já a médica Karen Knudson, diretora-executiva da American Cancer Society, considera essa revisão nos registros de câncer “um chamado às armas”. Ela defende que três caminhos devem ser tomados: pesquisas capazes de decifrar tendências desse fenômeno, conscientização dos riscos de forma a modificar o comportamento das pessoas e reavaliação das faixas de idade em que os exames devem começar – algo que já vem acontecendo em alguns países.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) é taxativo ao afirmar que “cerca de 30% dos casos de câncer podem ser evitados com mudanças no estilo de vida”, corroborando um dos alertas da doutora Knudson.
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