Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Feliz Natal!

Myriams-Fotos/Pixabay

Feliz Natal!

  • Heraldo Palmeira

O Giramundo está honrado e orgulhoso por ter você aqui. Estamos passando para desejar o melhor Natal, como porta de entrada para um ano-novo pleno. Feliz Natal para você e todas as pessoas que lhe são caras!

A palavra “natal” tem sua origem no latim natalis (relativo ao nascimento). A festa do Natal para celebrar o nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro tornou-se uma das principais cerimônias do calendário cristão e do Ocidente.

Mesmo com óbvias dificuldades de evidências documentais, os historiadores apontam que sua origem histórica é bem anterior a Jesus e está diretamente ligada a festejos pagãos de diversos povos do hemisfério norte em louvor ao solstício de inverno (ocorre entre 21 e 22 de dezembro), onde aconteciam dias e dias de grandes festas relacionadas ao renascimento do Sol e à fertilidade.

O Império Romano dedicava o dia 25 de dezembro para homenagear o deus Sol Invicto, numa celebração conhecida como Dies Natalis Solis Invicti (dia do nascimento do Sol invicto). Depois, foi sendo substituída por outra festa em louvor ao deus Mitra, de origem persa, introduzido entre os romanos e que passou a ser um dos mais adorados no império – realizada em 25 de dezembro porque Mitra teria nascido nesse dia.

A festa Yule ou Jól dos povos vikings, também realizada no solstício de inverno durante 13 dias, inclusive com sacrifícios em favor da fertilidade, deixou símbolos para o ritual cristão que veio depois, como a hoje onipresente árvore de Natal.

O início da apropriação cristã para comemorar o nascimento de Cristo é desconhecido e os historiadores apontam que deve ter acontecido entre os séculos 2 e 4. A escolha do 25 de dezembro também está envolta em especulações.

Numa delas, os cristãos desconheciam a data real do nascimento do Messias. Tanto que, em 200, o teólogo grego Clemente de Alexandria registrou em seus escritos um debate ocorrido a respeito do dia em que Jesus nasceu, onde diferentes datas (21 de março, 15 de abril e 20 de maio, dentre outras) foram citadas. Noutra, por já estar consagrada dentre os pagãos como um grande festejo, a escolha do 25 de dezembro seria uma forma de conquistar novos fiéis para o cristianismo.

Na verdade, a primeira menção comprovada do 25 de dezembro como nascimento de Jesus Cristo está registrada no século 4, no calendário Cronógrafo 354 produzido pelo escriba romano e gravador de pedras Furius Fillocalus. Foi resultado de uma decisão tomada pelo papa Júlio I, em cujo pontificado o Natal cristão teria sido oficializado nos termos atuais.

Modelo atual Com o passar do tempo, o Natal vem perdendo seu sentido religioso original para ganhar um papel de comemoração mais associada a valores universais como paz e fraternidade. Estudos apontam que muito provavelmente o modelo atual dos festejos teve início há mais de três séculos, quando igrejas europeias começaram a reunir seus fiéis ao redor de encenações da Santa Ceia e diversos pratos (em diversas épocas e locais) foram sendo incluídos no ritual por transferência cultural. Para deleite dos gulosos, desde então a mesa ganhou papel fundamental e a tradicional ceia de Natal tornou-se ponto de reunião de familiares e amigos, cujo cardápio tem alguns destaques.

Arroz com passas A uva-passa não é colocada à toa em tantos pratos natalinos, já que a uva está relacionada a fartura, longevidade e prosperidade. Um dos pratos mais controvertidos da ceia – metade adora, metade detesta –, o arroz com passas parece ter entrado na festa na Roma antiga. As uvas não colhidas terminavam secando ao sol ao redor das videiras e mantendo as propriedades energéticas. Assim, ganhou status de iguaria e começou a ser adicionada às refeições, tornando pratos comuns como arroz branco em comidas especiais servidas nas festividades.

Champanhe A capacidade de harmonizar com pratos especiais e sobremesas colocaram o espumante na ceia de Natal. Dizem que a iguaria conhecida como “bebida dos reis” entrou na festa a partir do palácio de Versalhes, Paris. Merecida trajetória para um vinho antes turvo e “calmo”, que ficou cristalino e frisante pelas engenhosidades do monge beneditino dom Pierre Pérignon, tesoureiro e mestre de adega na Abadia Beneditina de Saint-Pierre d’Hautvillers, no nordeste da França – ele desenvolveu a partir de 1668 o método de assemblage (mistura) com diferentes tipos de vinho. “Estou bebendo estrelas”, teria dito Pérignon ao beber pela primeira vez o vinho espumante que teria “descoberto”.

O processo de aprimoramento ganhou grande colaboração de madame Barbe-Nicole Cliquot-Ponsardin – em 1813 seu mestre adegueiro, o alemão Anton von Müller, desenvolveu os pupitres de remuage (suportes de remoção), suportes de madeira furados em que as garrafas eram dispostas inclinadas de ponta-cabeça para que os sedimentos da fermentação fossem eliminados pelo gargalo – para que a bebida pudesse finalmente ser transportada sem explodir as garrafas antes do consumo. Por essas e outras tantas Napoleão Bonaparte, um dos grandes apreciadores que ajudou a construir a fama da bebida, defendia que tomar champanhe era “merecido na vitória, necessário na derrota”. E nós ficamos com o brinde merecido, ainda mais no período de fim de ano.

Chester Um frango de dimensões enormes, cujo nome não representa espécie, não passa de uma marca criada pela empresa brasileira Perdigão. Cercado de lendas urbanas, a principal delas garantia que era criado individualmente em gaiolas, para se alimentar incessantemente e, impedido de se movimentar, ter uma carne macia. Na verdade, ele tem origem numa linhagem escocesa trazida para o Brasil em 1980, onde passou por aprimoramentos genéticos e sempre foi criado de modo convencional, apenas merecendo cuidados especiais com alimentação diferenciada e balanceada para chegar ao peso e tamanho conhecidos. Pouco tempo depois chegou ao mercado como arma da Perdigão para concorrer com o tradicionalíssimo peru de Natal da Sadia. Hoje, as duas empresas pertencem à holding BRF e os frangos especiais e perus, que ganharam fama e deitaram na cama, engordam o mesmo cofre.

Frutas secas Tradição do hemisfério norte para celebrar o inverno, suas frutas típicas amêndoas, avelãs, castanhas e nozes tinham colheita exatamente no fim do outono e começo do inverno, o que facilitou a inclusão no cardápio natalino. Os romanos mantinham a crença de que as avelãs evitavam a fome e as amêndoas cortavam o efeito do álcool.

Panetone Reza uma das lendas que cercam essa delícia que um padeiro de Milão se apaixonou pela filha do patrão e, para agradá-lo, criou o “pão do Toni”. Hoje, a receita é consagrada com frutas cristalizadas e outras derivações têm o chocolate como ingrediente, onde o fermento chamado de “massa madre” é o grande segredo da receita.

Pernil A ceia original dos portugueses inclui bacalhau com castanhas cozidas. Com o custo alto do refinado pescado das águas frias, o porquinho assado foi ganhando popularidade nos festejos, repetindo uma tradição dos hebreus em suas celebrações. Some-se a isso a tradição que passou a estabelecer o consumo de carne suína como símbolo de progresso e forma de atrair dinheiro e sorte para o novo ano que chega logo depois.

Peru Legado português, virou um símbolo da festa e hoje o peru de Natal é uma verdadeira instituição na ceia, sempre com acompanhamentos consagrados – abacaxi, ameixa, cereja, farofa, figo, fios de ovos, pêssego, uva-passa, arroz, farofa… Pode ter contado a favor o fato de ser uma ave grande, que engorda rápido e serve facilmente família e convidados.

Rabanada Doce tipicamente português cuja receita parte de pão dormido, a guloseima terminou conquistando paladares e é consumida o ano inteiro. Em tempos mais antigos na Europa, foi incluída na dieta das parturientes porque teria o poder de aumentar a produção de leite materno.

Salpicão O prato teria origem nas culinárias mexicana e francesa, cujo preparo utiliza ingredientes crus e molho. No Natal, a receita comum que junta batatas, cenoura, frango e ingredientes a gosto é acrescida de nozes picadas e uvas-passas.

Tender Nos anos 1950, o frigorífico americano Wilson – que operava no Brasil desde 1918 e também é matriz da famosa marca de produtos esportivos – importou pernis de porco defumados. Numa jogada de marketing incluiu nas embalagens a expressão tender made (feito com carinho). Imediatamente os consumidores rebatizaram o produto.

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Jingle Bell Rock   https://www.youtube.com/watch?v=Z0ajuTaHBtM

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