Por Heraldo Palmeira
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6 de novembro de 2024

Nossos ídolos ainda são os mesmos

Carole King/Divulgação

Nossos ídolos ainda são os mesmos.

  • João Galvão Neto

Os de oitenta anos continuam produzindo a boa música popular. No Brasil, neste ano de 2022, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Paulinho da Viola chegam aos oitenta anos produzindo trabalhos e leituras da sociedade com o respeito e a qualidade que sempre tiveram. Nós somos privilegiados em estarmos no planeta e no Brasil no mesmo período desses mestres a quem devemos homenagem. Eles sempre disseram o que nós precisávamos dizer, mas não sabíamos como.

Outro grande nome da música popular também chegou aos oitenta anos: Carole King, nascida Carol Joan Klein, em Manhattan, Nova Iorque. Tendo aprendido piano em casa, com o auxílio materno, Carole King começou cedo sua carreira de compositora. Fez suas primeiras demos com Paul Simon, seu colega de escola, e começou uma parceria em composições com aquele que seria seu primeiro marido, Gerry Goffin (Gerald Goffin). Embora tenha sido gravada por nomes importantes da música mundial, Chains (King/Goffin), no primeiro disco dos Beatles e Take Good Care of My Baby (King/Goffin) no malfadado (para a gravadora, é óbvio) disco para a Decca Records dos Beatles. A canção número 1 das 100 canções de maior sucesso da Billboard Hot 100, 1960, gravada pelas Shirelles Will You Love Me Tomorrow?, primeira canção Nº 1 com uma banda de garotas negras.

Apesar do enorme sucesso como compositora, o primeiro álbum solo de Carole King foi Writer, gravado apenas em 1970, isso mesmo – os Beatles já não existiam como banda. Este álbum foi um fracasso, mas, em 1971, Carole King gravou um dos discos mais importantes da música popular americana: Tapestry. Nele aparece a real tapeçaria de toda a obra preciosa composta por Carole King e parceiros, com o lançamento de uma nova parceria com Toni Stern (ela havia se divorciado de Goffin e terminado a parceria). Neste disco foi lançada a canção It’s Too Late que alcançou o primeiro lugar nas paradas. Nele há a participação de James Taylor ao violão em You’ve Got A Friend, que também foi gravada por ele e lançada no mesmo ano, e “backing vocal” de James Taylor e Joni Mitchell, casados à época, em outras canções. King e Taylor ainda são amigos fazem shows juntos esporadicamente, mas nunca foram casados como muitos pensam. O ano de 1971 foi o momento de o mundo conhecer a força interpretativa da grande compositora que começara sua carreira no fim dos anos cinquenta.

Tapestry estourou de imediato. It’s Too Late alcançou o Billboard No.1. Este disco ocupou o primeiro lugar por 15 semanas consecutivas, esteve nas paradas por quase seis anos e vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo. O álbum recebeu quatro prêmios Grammy, incluindo Álbum do Ano; Melhor Performance Vocal Pop Feminina; Gravação do Ano (It’s Too Late, letra de Toni Stern); e Canção do Ano, com King se tornando a primeira mulher a ganhar o prêmio (You’ve Got a Friend). É o número 36 da lista dos 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone, e It’s Too Late foi o número 469 nas 500 Maiores Músicas de Todos os Tempos da Rolling Stone.

Paro por aqui, pois creio que todos têm agora uma obrigação como o bom gosto e a boa arte. Após a visita aos nosso mestres oitentões, Gil, Caetano, Milton e Paulinho da Viola, vão às plataformas e ouçam Tapestry de Carole King, o álbum original e a homenagem feita a ela por diversos artistas com a regravação desse disco, chamada Tapestry Revisited – A Tribute to Carole King. Ouçam também (You Make Me Feel Like) A Natural Woman com Aretha Franklin, Will you love me tomorrow? com Amy Winehouse.

“Nossos ídolos ainda são os mesmos”, assim falou Belchior. Boa audição!

*JOÃO GALVÃO NETO, professor de línguas e compositor

Saiba mais

https://www.caroleking.com/

https://en.wikipedia.org/wiki/Carole_King#External_links

https://www.youtube.com/watch?v=x3vyQAeuAPM

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