Konstantin Kolosov/Pixabay
Melanoma na mira
- Heraldo Palmeira
Uma nova vacina experimental contra o melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele, acaba de receber status de terapia promissora pelo FDA, agência de regulamentação de medicamentos e alimentos dos EUA.
Ao contrário do que “vacina” possa sugerir, o novo imunizante não é indicado para prevenir a doença. Desenvolvido pelo laboratório Moderna utilizando tecnologia de RNA mensageiro, associado ao medicamento pembrolizumabe apresentou resultados promissores para enfrentar recidiva e mortalidade, garantindo mais qualidade de vida ao paciente.
O estudo foi iniciado há 6 anos e caminha para “personalizar” em larga escala cada tipo de câncer. A fase 3, quando o número de voluntários é ampliado e são feitos os testes de eficácia e segurança, terá início no decorrer de 2023 e deverá ser concluída em até 2 anos.
O produto utiliza tecnologia inovadora e seu funcionamento é “personalizado” com a ajuda do doente. “É inovador o fato de que ela é personalizada porque adquire do próprio câncer do paciente as mutações causadoras da doença naquela pessoa”, revelou a médica Marcia Abadi, diretora médica do MSD Brasil, laboratório que participa das pesquisas.
Passo seguinte, são feitos os antígenos (com a tecnologia do RNA mensageiro) e a vacina é injetada no mesmo paciente. “A associação disso com a imunoterapia potencializa a chance do nosso sistema imunológico atacar as células cancerígenas”, afirmou Abadi.
Esse tipo de aval do FDA é concedido às terapias em fase de teste que apresentam resultados superiores aos tratamentos padrão em pacientes de alto risco, e traz reflexos positivos no prazo de desenvolvimento das pesquisas e produção do medicamento.
A nova droga está em testes em todo o mundo, com respostas animadoras em casos avançados com metástases. Ela estimula o sistema imune na geração de uma resposta contra a doença, enquanto o pembrolizumabe é um anticorpo monoclonal utilizado contra vários tipos de câncer, já que aumenta a capacidade (do sistema imune) na detecção e combate às células doentes. “Os índices de sobrevida foram melhores quando se associou a vacina com medicamento adjuvante, o pembrolizumabe”, explica a dermatologista Aparecida Machado de Moraes, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O melanoma é conhecido pela agressividade e capacidade de evoluir para estágios avançados mesmo na fase inicial. No Brasil, o número de casos está em ascensão. A doença pode ser prevenida com atenção ao histórico familiar (principalmente quem tem pele clara), autoexame, proteção solar e visitas regulares ao dermatologista. “As vacinas seriam um avanço como recurso no tratamento das formas avançadas da doença. Os tratamentos do melanoma ainda são limitados, a sobrevida curta e a letalidade, infelizmente, é alta. As novas alternativas de tratamento são bem-vindas”, completa Moraes.
Saiba mais