Reprodução
#NormalizeNormalBodies
- Heraldo Palmeira
Num mundo que vive sob uma verdadeira ditadura de imposições estéticas quase sempre absurdas, onde é preciso ter uma vida perfeita para exibir nas redes sociais, parece estar havendo finalmente uma reação que pode conter uma centelha de esperança. E ela ocorre exatamente no território mais indicado, o das redes.
O movimento #NormalizeNormalBodies tem ganhado corpo desde o início de 2020 e a tendência incendiou as redes sociais, celebrando corpos normais que não despertam os cliques destinados àqueles modelitos perfeitos, mas que podem estar completamente contaminados pelos retoques digitais.
Tudo começou quando a influencer norte-americana Mik Zanzon fez uma sessão de fotos e deixou claro ao fotógrafo que ele não poderia lançar mão do photoshopping, a prática de retocar fotos com recursos digitais – o nome desse processo técnico deriva do Adobe Photoshop, software líder de mercado de edições de imagens profissionais.
Zanzon estava feliz pelas conquistas e quis as fotos como forma de comemorar, mas ficou muito desapontada com o resultado. Embora as fotos fossem lindas, o fotógrafo havia manipulado a edição e deixado a cliente com manequim dois tamanhos menores. A partir desse episódio, ela passou a promover a “normalização de corpos normais”. “Vivi em muitos corpos diferentes ao longo da minha vida. Esse movimento é minha maneira de lembrar às mulheres que você pode se mostrar como é. Você não precisa se encaixar em um molde ou categoria para se sentir confortável e confiante em sua pele. Todos os corpos são corpos ‘normais’”, disse.
O movimento ganhou corpo com a participação de pessoas cansadas da obrigatoriedade de buscar posições favoráveis, luz adequada, fazer implantes e o escambau, até chegar à mesa de edição e obter uma imagem completamente falsa para ser compartilhada nas postagens.
Já se sabe que criar uma vida virtual e passar a vivê-la, como se fosse real, para tentar driblar a vida comum tem produzido uma série de distúrbios que começam a preocupar os especialistas em saúde mental. Cada vez mais esse modelo de sociedade perfeita de redes sociais está embaralhando valores e afetando sobretudo quantidades alarmantes de jovens adultos e crianças.
Saiba mais