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Psicotrópicos viram epidemia
- Heraldo Palmeira
O Brasil vem registrando um aumento preocupante no uso de medicamentos psicotrópicos, assim denominados porque agem diretamente no sistema nervoso central. Os tempos difíceis potencializados pela pandemia da Covid-19 ampliaram a incidência de doenças neuropsiquiátricas como ansiedade, delírio, depressão e insônia.
Diante desse cenário novo e preocupante, as estimativas apontam para cerca de 50 milhões de brasileiros fazendo uso regular desses remédios. O pior é que parte deles adota o tratamento sem orientação médica – somos um dos países líderes de automedicação no mundo. Os campeões de consumo são anfetaminas, ansiolíticos, antidepressivos e hipnóticos, que podem gerar alterações de comportamento, humor e raciocínio, bem como levar à dependência.
Não é incomum que pacientes, fragilizados por tantas pressões oriundas de perdas afetivas e queda do nível social e qualidade de vida, sem encontrar saídas avancem por uma raia ainda mais perigosa, associando álcool, fumo e drogas ilícitas ao uso desses remédios. “Possivelmente os determinantes para estarmos vivendo uma epidemia de doenças mentais sejam a Covid-19, a vida moderna e suas inúmeras exigências, as multitarefas, o excesso de trabalho, a maior vulnerabilidade socioeconômica, a insegurança alimentar, a intolerância e a crise ideológica e político-social que nos afligem”, afirma a médica Ludhmila Abrahão Hajjar, coordenadora da cardio-oncologia do Instituto do Coração (InCor).
Segundo a especialista, a cura dessas doenças passa obrigatoriamente por tratamento médico adequado, associado a mudanças de hábitos de vida dos pacientes. O uso indiscriminado desses medicamentos poderá acarretar efeitos colaterais até o limite de transtornos mentais.
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