Por Heraldo Palmeira
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24 de novembro de 2024

Rita “High” Lee

Divulgação/Globo Livros (Guilherme Samora-Rita Lee)

Rita “High” Lee

  • Heraldo Palmeira

GIRAMUNDO RECOMENDA Outra Biografia (foto da capa) ainda nem foi lançado e já é leitura imperdível! Tocando a vida depois de ficar internada para tratar de câncer no pulmão, a inalcançável Rita Lee Jones, 75 anos, deixou todo mundo de boca aberta pena enésima vez ao anunciar seu novíssimo projeto: um livro dedicado a mais um pedaço da sua própria história. E que história!

O petardo deverá chegar ao mercado em 22 de maio pela Globo Livros, exatamente o Dia de Santa Rita de Cássia. Na verdade, pode ser considerado uma continuação de Rita Lee: Uma Biografia (2016), que, segundo a cantora, “marcava, de certo modo, uma despedida da persona Rita Lee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”, brincou a artista, terça-feira (7) no momento do anúncio da nova obra.

Outra Biografia vai tratar dos últimos três anos dela, quando enfrentou a pandemia de Covid-19 e o câncer diagnosticado em 2021. Titia Rita teve momentos desafiadores neste tempo mais recente, e tudo isso ela transportou para o livro com seu estilo inconfundível. Relata o que viveu de forma franca, naquele tom costumeiro que vai mesclando sutilezas, cruezas, ironias, choques, amorosidades de alguém que jamais teve uma “vidinha besta”.

Ela não poupa detalhes do próprio tratamento, avisos do Universo, rotina e rumos que a vida tomou. Toda a escrita é inteira de franqueza e honestidade, características que sempre correram nas veias de uma mulher que jogou a caretice e a cretinice para o ar desde que abriu aqueles lindos olhos – que misturam azul e violeta e viram azul-turquesa – para esse mundinho de meu Deus.

Olhos que tive a honra de carregar no colo há exatos 40 anos, quando um fã tresloucado avisou que ia beijá-la na boca na entrada de um hotel da Brasil Tour 83. Pulei na frente, invadi a área de isolamento, driblei o cara tomando-a nos braços e corremos todos – Rita, Roberto, Claudinho (segurança que vinha livrando Roberto do assédio das meninas), Chico (empresário, meu amigo, que gritou pra ela “Vai, que esse é de casa!”) e eu – para dentro do elevador. Coloquei-a no chão, me despedi, ia dando meia-volta e ouvi aquela voz suave: “Ufa, essa foi por pouco! E você vem conosco”. Talvez o casal nem lembre desse episódio, mas a partir dali fui coberto de mesuras e ganhei uma entrevista exclusiva (além da coletiva) para a minha rádio de então. De quebra, recebi um crachá para ver o show como membro da equipe de produção. Ufa, foi um alívio, o estádio estava lotado!

O cancioneiro de Rita Lee é uma das melhores paisagens do Brasil que presta porque sempre houve sinceridade em cada palavra, alimento para o mistério que faz a gente ter essa mulher como alguém da família. Um dos seus talentos principais foi saber tratar as coisas da vida – com tudo o que isso significa – apenas como Coisas da Vida:

É o fim da picada

Depois da estrada

Começa uma grande avenida

No fim da avenida

Existe uma chance, uma sorte

Uma nova saída

Qual é a moral?

Qual vai ser o final

Dessa história?

Eu não tenho nada pra dizer

Por isso eu digo

Eu não tenho muito o que perder

Por isso jogo

Eu não tenho hora pra morrer

Por isso sonho

Veja aqui

Coisas da Vida   https://www.youtube.com/watch?v=rrk0Bi7RwJU

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