Por Heraldo Palmeira
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23 de novembro de 2024

Sangue x câncer

MasterTux/Pixabay

Sangue x câncer

  • Heraldo Palmeira

A grande maioria dos cânceres só apresenta sintomas num estágio em que as opções de tratamento podem ser limitadas. O exame de sangue está consagrado como um dos instrumentos de maior importância no diagnóstico de doenças. Agora, ele é o elemento essencial de um novo teste denominado Galleri, cujos resultados promissores podem estar abrindo as portas de uma nova era para o diagnóstico e tratamento do câncer.

O teste foi desenvolvido pela Grail Inc., uma empresa norte-americana com sede na Califórnia financiada por investidores como Bill Gates (Microsoft) e Jeff Bezos (Amazon), e utilizado no trabalho de uma equipe internacional de pesquisadores liderados pelo Instituto do Câncer Dana-Farber, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), e pela Clínica Mayo.

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido apontou o Galleri como um divisor de águas, pela possibilidade de ajudar a salvar muitas vidas detectando cânceres suficientemente cedo para que o tratamento tenha maior eficácia. Além disso, o exame detectou com alto grau de precisão a localização do tumor no corpo, muitas vezes antes de haver sinais ou sintomas clínicos da doença, o que deverá facilitar o acompanhamento dos médicos.

A especificidade do teste foi de 99,3%, com apenas 0,7% de resultados indicando falso positivo. Em 12 tipos de câncer dentre os mais mortais – bexiga, cabeça e pescoço, canal anal, esôfago, estômago, fígado, intestino, linfomas, ovário, pâncreas e pulmão –, que representam 2/3 dos casos fatais nos Estados Unidos, a sensibilidade do ensaio foi de 67,3%. “O exame apresentou uma taxa de 0,7% de resultados falso positivos para detecção de câncer, ou seja, menos de 1% de erro. Embora ainda não se possa utilizar o exame na prática clínica, visto ter sido um estudo inicial, ao se confirmar esses ótimos resultados poderemos proporcionar detecção precoce e uma maior chance de cura aos pacientes”, destaca a oncologista Suelen Martins, do IBCC Oncologia. Ela acredita ser uma excelente notícia “principalmente em se tratando de tumores que não possuem exame de rotina para o diagnóstico precoce”, acrescenta.

Breve história

Desde a Pré-História há registros de que o sangue está ligado às práticas de curar doenças, num período que se estende desde tempos em que se utilizava o sangue de animais até o ano de 1616, quando o médico britânico William Harvey fez a descoberta da circulação sanguínea e estabeleceu-se metodologia para os procedimentos. O novo grande passo surge somente em 1901, quando o médico e biólogo austríaco Karl Landsteiner tipificou os grupos sanguíneos ABO, comprovando que havia diferenças no sangue das pessoas. Ele também foi responsável por descobrir o caráter infeccioso e isolar o vírus da poliomielite e seus estudos trouxeram novidades imediatas à medicina, o que lhe garantiu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1930.

As transfusões passaram a ser realizadas com total segurança científica – a primeira em 1907, pelo hematologista norte-americano Reuben Ottenberg, no hospital Mount Sinai, Nova York (EUA). Em 1937, Landsteiner chegou ao fator RH num trabalho realizado com o sorologista norte-americano Alexander Salomon Wiener. A partir daí, os bebês com fator RH diferente do das mães puderam vir à luz com saúde. A Justiça passou a dispor de análises periciais baseadas no sistema sanguíneo em disputas de paternidade.

Em razão da inexistência de anticoagulantes, não havia meio de armazenar sangue e as transfusões eram feitas braço a braço. Até que foi criada uma solução à base de citrato e sódio, abrindo o caminho para a criação dos bancos de sangue. Finalmente em 1939, na Guerra Civil Espanhola, foi realizada a primeira transfusão utilizando sangue coletado e estocado.

Saiba mais

https://futurodasaude.com.br/cancer-por-exame-de-sangue/

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