Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

EVELYN LAMOGLIA Uma viagem

Champverti/Pixabay

Uma viagem

  • Evelyn Lamoglia

Eu estava mudando de cidade e de vida. Deixava ali, numa praia da Bahia, minha última experiência numa longa história na hotelaria, vivida em diversos pontos do país ao longo de décadas. O rumo era a BR-101, conhecida como a grande rodovia litorânea brasileira – começa em Touros (RN) e termina em São José do Norte (RS).

Saímos de Subaúma (BA), rumo a Macaé (RJ). Van Renault lotada das tralhas da mudança, um amigo dirigindo, BR entregue pra Deus, 25 horas de estrada, com pausas para dormir, comer, abastecer, fazer xixi, ver se estava tudo bem com os gatinhos. Sim! Eles vieram, lóóógico!

A engenharia ajudou, estrada quase perfeita em 99% do tempo, sem obras, desvios, engarrafamentos, acidentes, assaltos, necessidade de comboios ou pare-sigas. As concessionárias atuais – EcoRodovias e Arteris – estão aprovadas com louvor!

O clima ajudou, sem sol brabo ou calor, (a van não tinha ar condicionado e não precisou) quase sem chuva. Paradas de apoio daquele jeito que se espera: não se passa fome, mas, se come só o que mata a fome e se dorme só porque o corpo exige – tudo bem, né? Cresci acampando, o entendimento da precariedade ajuda muito.

E a paisagem? Aff! Deslumbrante, de verde exuberante, emocionante. De campos, montanhas, vales, rios, rochas, fazendas, gados, cacau, café, bananas, laranjas, muito artesanato. Cidades mínimas enfeitadas de São João, infelizmente com música muito ruim, como nas cidades grandes. Cruzamos com vários ônibus de bandas breeeeegas que iam de cidade em cidade tocando suas bostas para animar as festas. ÚNICO aspecto negativo das minhas observâncias BR abaixo. Na verdade, lembrei da velha música baiana, era até possível cantar mentalmente “lá vem o Brasil descendo a ladeira…”.

Como eterna curiosa e extremamente observadora, ocupava a cabeça com questões que talvez nunca saiba as respostas: quem mora ali? Como aquilo foi parar lá? Essa cidade vive de quê? Será que aqui tem internet? E sinal de celular? Onde fica o hospital mais próximo dessa cidadezinha? Quem será o dono desse gado todo? Por que desse lado é terra vermelha e desse é floresta? Por que fizeram esse recorte para construir essa estrada? Se acontecer alguma coisa, em quanto tempo passa alguém para ajudar? Será que vou reconhecer algum lugar por onde passei em 1977, numa outra aventura doida dessas? Ou será que tudo mudou tanto? Ou será que, com dez anos, os registros foram outros? Vai saber…

Ao final, tudo certo, com as melhores expectativas superadas com sucesso. Até eu estava surpresa, a gente nunca espera que tudo, tudinho corra bem. Se eu faria de novo? Sem precisar pensar muito. Ainda!

*EVELYN LAMOGLIA, aposentada de obrigações

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