Por Heraldo Palmeira
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21 de novembro de 2024

Freio de arrumação

Flávio Rezende

Freio de arrumação

  • Heraldo Palmeira

As redes sociais deram seus primeiros sinais em 1969, com a criação da CompuServ, nos EUA, cujo serviço propiciava a troca de figuras entre usurários de diversos países. Mas foi a partir de 1995 que começaram a se encaminhar para o perfil atual. Depois de se tornarem ferramentas imprescindíveis em todos os setores da vida moderna, é impossível imaginar o mundo sem elas. Ao se fazerem onipresentes, também se mostraram viciantes e um meio poderoso de geração e tráfego de problemas coletivos de difícil solução.

O coro de vozes preocupadas vem ganhando corpo com especialistas de diversos setores, a ponto de vários governos – Suécia, Holanda e França – já estarem retirando o ensino digital das escolas, mesmo depois de investimentos milionários para equipar o sistema de ensino. O motivo é quase prosaico: o nível de aprendizado caiu sensivelmente nas salas de aula eletrônicas. Esse movimento de retomada dos livros impressos como material de apoio didático vem acompanhado da proibição de dispositivos eletrônicos dentro dos ambientes escolares – nuns lugares ficam guardados nos armários; noutros sequer passam do portão.

Agora, o governo da Austrália dá um passo mais ousado ao anunciar uma proposta que será enviada ao Parlamento ainda em 2024, cujo objetivo é proteger sua população jovem de riscos associados à saúde física e mental causados pela superexposição ao mundo digital.

Os australianos pretendem aprovar em lei a idade mínima (entre 14 e 16 anos) para uso de redes sociais. Algo semelhante à legislação para dirigir carros ou consumir bebidas alcoólicas. Nos próximos meses será testado um sistema de verificação de idade relacionado à nova legislação.

O primeiro-ministro Anthony Albanese, que defende a idade mínima de 16 anos para o bloqueio, considera que uma lei nacional atende a uma preocupação da sociedade e “tira a pressão dos pais e professores e os apoia com a autoridade do governo e da lei. Claro que os pais já têm a opção de proibir celulares ou plataformas de mídia social específicas para seus filhos. Mas quando o fazem, eles enfrentam a força poderosa da pressão dos colegas e ninguém quer fazer com que seu filho seja o estranho”, complementa.

Albanese também reconhece que, mesmo diante da importância das inovações tecnológicas, a internet se transformou num ambiente perigoso onde operam golpistas e predadores on-line de todos os tipos. Nesse cenário, crianças e jovens viram alvos fáceis e pagam o preço da imaturidade para identificar ameaças. “Quero que os jovens australianos cresçam brincando ao ar livre com os amigos, no campo de futebol, na piscina, experimentando todos os esportes que despertem seu interesse, descobrindo música e arte, sendo confiantes e felizes na sala de aula e em casa. Ganhando e crescendo com experiências reais, com pessoas reais”, defende.

O governo australiano está trabalhando em parceria com o Comitê de Segurança Eletrônica do país na elaboração do projeto que será enviado ao Parlamento, e o primeiro-ministro acredita que a medida não é apenas uma maneira de tranquilizar pais e responsáveis, mas um mecanismo eficiente de proteção à infância.

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